Portugueses continuam a comprar mais amêndoas ao Estrangeiro

Portugueses continuam a comprar mais amêndoas ao Estrangeiro

Mesmo a praticar preços mais elevados, a amêndoa continua a ser maioritariamente comprada no estrangeiro.

Quem o diz é o engenheiro agrónomo António Monteiro, que apesar de reconhecer alguns dos motivos para preferência da compra fora de Portugal, considera que é necessário valorizar outras potencialidades que o fruto seco tem.

 

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“As amêndoas regionais têm uma casca mais dura que as outras, depois partem-se mais e as pessoas e o comerciante têm tendência a dizer que está muito partida e tem que ter preço mais barato, depois muitas vezes também essas amêndoas vêm misturadas com amargas. Há um conjunto se circunstâncias que têm feito com que conduza a estes dramas. Há muitas, a própria casca, que é um produto para queimar fantástico e que tem uma capacidade calorífica interessante além de ter outras capacidades de adsorventes que podem ser para fazer tratamentos de águas residuais. Há muita, há um sem fim de utilizações. Até a lenha mesmo quando as amendoeiras por causa da goma que elas libertam se torna tão aromática que dizem que é a melhor, por falar em gastronomia.

Sim, devíamos conversar sobre elas, pelo menos todos nós termos conhecimento disso, conversar, acho que sim.”

 

O engenheiro que esteve sexta-feira no concelho de Macedo por ocasião das Jornadas Culturais de Balsamão, onde, além de outros assuntos, falou sobre a importância das amendoeiras para o turismo na região.

Nesse campo, António Monteiro diz que é necessária uma melhor promoção da história que envolve o cultivo destas árvores.

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“Tem que ser tudo em conjunto. Nós temos a flor, temos as variedades, mas também temos outras coisas que em muitos sítios não existe que é aquele património ligado à alimentação, no caso foi a doçaria que eu falei, que é invejável. É preciso tirar partido também da história desse produto, e porque é bom e é preciso vendê-lo. Não é só vender o folclore desse dia, mas também vender aquilo que esteve por detrás do amendoal, ou aquilo que é consequência de ter amendoeiras. Porque eu não vendia só a amêndoa para ir lá para fora, eu vendia também para a transformar; e isso é que era preciso.”

 

Considera ainda que em Portugal se escreve pouco acerca de técnicas aplicadas na agricultura e desafia todos aqueles que tenham esses saberes a fazê-lo.

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“Temos que ser mais expansivos. Não é expansivos só nos colóquios, é também com a pena, escrevendo, transmitindo os nossos saberes e aquilo que construímos ao longo dos anos, ou estudando ou investigando, lendo, ouvindo, seja o que for. Isso tem-nos faltado muito. Nós temos belíssimos escritores a um nível mas há o nível do técnico, propriamente, que não temos, infelizmente não temos. É esse desafio que eu faço; estava na altura de começarem a pôr cá para fora aquilo que eles sabem, que não levem aquilo para o outro mundo.”

 

A cultura da amêndoa no Nordeste Transmontano em destaque no concelho de Macedo de Cavaleiros.

 

Escrito por ONDA LIVRE

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