Alfândega da Fé vai ter um Pólo da Bienal de Cerveira. A iniciativa chega a Alfândega da Fé no dia 11 de agosto, para assinalar os 40 anos da mais antiga mostra cultural da Península Ibérica.
Ágata Rodrigues, directora da Fundação José Rodrigues e filha do escultor com raízes em Alfandega da Fé, explica que a ideia surgiu a partir do desafio do município de intensificar o trabalho sobre o artista com raízes em Alfândega da Fé:
“A partir daí pensamos em criar sinergias que tivessem a ver com o meu pai, ele que é um dos fundadores da Bienal de Vila Nova de Cerveira, uma das mais antigas do país. Por isso, tinha todo o cabimento criarmos um pólo de artistas aqui.
Este pólo vai ser na casa da cultura, vai durar um pouco mais tempo do que a bienal porque o que nós queremos é chegar até à comunidade escolar. Vai ser uma curadoria de artistas que já participaram ao longo destes 40 anos.
Pelo menos de 2 em 2 anos, a cada ano par, a Bienal estará aqui em Alfândega da Fé, e esperemos que marque a diferença.”
Haverá ainda outras surpresas que serão reveladas em Agosto, no entanto, é já certo que a colaboração com esta iniciativa que nasceu em Vila Nova de Cerveira vai perdurar, esperando-se que de 2 em 2 anos haja sempre em Alfândega da Fé propostas artísticas com inspiração na bienal minhota.
Durante os três dias da Festa da Cereja, realizaram-se várias oficinas de arte, orientadas por artistas ligados à Bienal, e foi também o palco para apresentação de um dos projectos que saiu vencedor do Orçamento Participativo de Portugal do ano passado, com um apoio de 90 mil euros concedidos, “O Teatro e as Serras”, iniciativa da Filandorra – Teatro do Nordeste. O director da companhia, David Carvalho, explica que este é o primeiro Pólo de Criação a ser instalado:
“Neste projeto, o objetivo é mostrar a identidade do nordeste. O nome “O Teatro e as Serras” pretende valorizar o apelo à nova ecologia do séc. XXI.
Queríamos que esta construção de identidade nascesse em Alfândega da Fé mas também na Serra de Bornes. Aqui ligamos o conceito de Pires Cabral, o nosso autor escolhido, ele que escreve o livro de contos que vai servir de base ao projeto. Um dos primeiros, “O Diabo veio ao Enterro”, retrata a história de dois jovens que vão pela montanha em Bornes e começam a ouvir o mar que está em baixo desta.”
O Director Regional da Cultura Norte, António da Ponte, valoriza o facto de este ser um projecto que é um exemplo de cultura que parte e regressa à comunidade, em particular por ter sido uma escolha da população
“Nós procuramos ter, cada vez mais nos dias de hoje, uma leitura da cultura que parte e regressa à comunidade.
Esta oportunidade que o OPP (Orçamento Participativo de Portugal) abre é precisamente para que sejam as pessoas as escolherem as manifestações que querem que lhes chegue mais perto. Portanto, o ano passado, na primeira experiência do OPP, tivemos cerca de 500 candidaturas a nível nacional, e este ano já estamos quase nas 700.
Se o ano passado o Governo decidiu investir cerca de 3 milhões de euros em projetos, este ano passou para 5 milhões de projetos e abriu a todas as área de governação.”
O espectáculo criado, com estreia marcada para Novembro, em Sambade, será apresentado em aldeias e vilas dos concelhos abrangidos pelo pólo, Alfândega da Fé, Macedo de Cavaleiros, Mogadouro e Vila Flor, mas pode seguir ainda para grandes centros urbanos e até mesmo para o estrangeiro.
INFORMAÇÃO CIR (Rádio Brigantia)