Os autarcas do distrito de Bragança ameaçam tomar medidas duras e sair à rua em protesto contra o estado a que chegou a saúde no distrito. Em causa está a ameaça de perda do helicóptero do INEM durante a noite, bem como a perda de serviços nos centros de saúde devido à não renovação de contratos com quase 80 profissionais. Ontem, dez dos 12 concelhos fizeram-se representar numa conferência de imprensa conjunta, após a segunda reunião para debater estas questões. Apenas Macedo de Cavaleiros e Mirandela não se fizeram representar. A presidente da câmara de Alfândega da Fé, Berta Nunes, ameaça mesmo avançar para medidas mais duras.
“Tomaremos as acções que forem necessárias, desde a via judicial a trazermos as pessoas para as ruas. Os presidentes de câmara sentem que não têm interlocutores”, explicou, garantindo que se sentem “enganados”.
Berta Nunes desmente ainda o responsável do INEM que alegou pouca utilização para desactivar o helicóptero de Macedo de Cavaleiros durante a noite.
“A ideia que foi passada na comunicação social é que se iriam desactivar os helicópteros do INEM por falta de saídas mas o de Macedo é o segundo com mais saídas do país, a seguir ao de Santa Comba Dão. O que tem menos é o de Matosinhos. Isso é estar a enganar as pessoas. ”
Moraes Machado, presidente da câmara de Mogadouro e também ele médico, não se conforma com o tratamento a que a saúde do distrito tem sido votada.
“Os hospitais têm vindo a ser desactivados. O de Macedo até já perdeu Otorrino. O de Mirandela tem vindo a perder valências e o hospital de Bragança é uma miséria.”
Os autarcas pedem também a rápida resolução quanto aos trabalhadores dos centros de saúde. Mais do que o regresso dos profissionais, querem a manutenção de serviços que tanto custaram a conquistar para a região.Nesta altura, todos se queixam de falta de serviços nos seus centros de saúde, desde os podologistas a radiologistas, psicólogos, médicos ou terapeutas da fala.
José Santos, de Freixo de Espada à Cinta, o mais longínquo da capital de distrito, mostrou-se preocupado com os transportes e com a perda de serviços.
“Aqui estamos a falar de um concelho envelhecido e que precisa de uma atenção mais forte e também relativamente às crianças, sobretudo as que têm alguma deficiência. Há oito que precisam de terapia da fala”, explica.
Já Moncorvo insiste na reivindicação de um serviço e Urgência Básica, dada as distâncias para os outros serviços de saúde no distrito.
Na generalidade, os autarcas do distrito querem respostas rápidas do Governo, a quem pedem uma reunião urgente, sob pena de levantar uma onda de protestos nunca antes vista na região.