Por: Miguel Midões
Ouça aqui: Peça_produtores reunem com deputada_Miguel
Os produtores agrícolas de Alfândega da Fé queixam-se do excesso de burocracia.
Numa reunião, ontem, com a deputada do PSD na Assembleia da República, Maria José Moreno, vários produtores apresentaram um conjunto de aspetos que mais os preocupam e que a deputada irá fazer chegar ao ministério da Agricultura, em Lisboa.
Além da burocracia, há dificuldades em escoar sobretudo o azeite e problemas no recurso ao crédito.
Para que as pequenas empresas agrícolas da região possam crescer é preciso exportar o produto, mas para isso há primeiro que “desburocratizar”. Foi a palavra mais ouvida na boca dos produtores de Alfândega da Fé.
Para fechar negócios, os produtores precisam de recorrer ao crédito, mas a burocracia portuguesa é excessiva, defende Artur Aragão, produtor de Azeite.
“Precisamos de desburocratizar. Não conseguimos recorrer a crédito, ter respostas de seguro de crédito a tempo útil para fecharmos os negócios. Nós precisamos de exportar e para isso precisamos de medidas de exportação corretas”
Este empresário dá mesmo o exemplo de aspetos burocráticos evitáveis.
“Para participarmos em feiras temos de fazer um projeto, uma série de custos, depois aquilo vai para aprovação, depois demora meio ano para ser aprovado. Depois o dinheiro vem à posteriori. Em vez disso, seria muito mais fácil se o governo português alugasse espaço para os produtores portugueses e depois nós fazemos o resto.”
À deputada referiram ainda os custos excessivos com a energia, sendo a mais cara do país. Para baixar os custos de produção é preciso que o Estado baixe os custos da energia, ainda mais tendo em conta que a grande maioria é produzida em solo transmontano.
Joana Araújo é transformadora de amêndoa, e na reunião queixou-se da instabilidade legislativa, que quase sempre acarreta custos excessivos e inevitáveis aos pequenos empresários.
“O problema não é que aumente a exigência. Queremos é que seja coerente, que não andem sempre a alterá-la todos os anos”.
Com 81 anos, José Januário, agricultor de uma vida, refere que os problemas da agricultura não residem na produção, mas sim na comercialização, sobretudo no escoamento do azeite.
“Nós produzimos e a comercialização está em baixo e queremos pessoal e não temos. A malta anda aí debaixo do braço e não temos. O pessoal prefere andar com a mala debaixo do braço e não aprece para trabalhar. O azeite é o produto que mais custa escoar. Nem sequer sabemos a quanto é que nos vão pagar.”
Problemas do setor agrícola apresentados à deputada do PSD, Maria José Moreno.
A deputada refere que é preciso facilitar o acesso dos jovens agricultores ao crédito bancário, para que possam crescer com sustentabilidade.
Mas, outros problemas apresentados, diz Maria José Moreno, prendem-se com a promoção do produto e o acesso à mão de obra especializada.
“Não conseguem promover o produto, independentemente da atividade. Além disso falaram-me da dificuldade em encontrar mão de obra especializada. Ultimamente as pessoas esqueceram-se da agricultura.” (ouça aqui: 3101_reunião deputada 1)
A deputada do PSD acredita que o desenvolvimento económico da região e do país também passa pela agricultura.
“É da agricultura que procuramos tirar algum rendimento económico para que o país possa crescer. A agricultura está inativa e há que fomentá-la para que possa crescer. A agricultura é um setor principal e também faz com que o país possa andar para a frente e crescer.” (ouça aqui: 3101_reunião deputada 6)
A intenção dos deputados do PSD é fazer um périplo distrital, reunindo com as associações ligadas à agricultura, para diagnosticar os problemas que afetam o setor.