ULS do Nordeste lídera ranking de dívidas à APIFARMA

 

A Unidade Local de Saúde do Nordeste continua a liderar o ranking dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde que mais tempo demora a pagar à indústria farmacêutica.

Os dados referentes a Junho divulgados no sítio da Internet da APIFARMA (Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica) revelam que a ULS do Nordeste, necessita, em média, de 1195 dias, para pagar. Qualquer coisa como cerca de três anos e três meses.

A diferença da Unidade Local de Saúde do Nordeste para a ULS da Guarda, que é o segundo pior na lista dos que mais tempo demora a pagar, já vai em 214 dias.

A ULS do Nordeste demora, em média, 1195 dias a pagar, enquanto a da Guarda precisa de 981 dias. Aliás se compararmos com o mês de Maio, a ULS do Nordeste aumentou em 47 dias o prazo médio de pagamento, enquanto a da Guarda diminuiu cinco dias no prazo médio de pagamento à indústria farmacêutica.

Os dados mensais disponíveis, desde Outubro do ano passado, revelam ainda que, nos últimos nove meses, o então Centro Hospitalar do Nordeste e agora ULS do Nordeste aumentou de 718, para 1195, o prazo médio de pagamento, um aumento de 477 dias. Aliás, só desde Janeiro deste ano, é que a ULS do Nordeste passou a ser a que regista o maior atraso no pagamento de medicamentos e produtos adquiridos às empresas farmacêuticas, ultrapassando a Guarda, que liderou até Dezembro de 2011. Ainda segundo os dados divulgados no sítio da internet da Associação Portuguesa da Industria Farmacêutica, o prazo médio de todos os hospitais do SNS situa-se nos 557 dias. Ora, a ULS do Nordeste precisa do dobro desse tempo.

No total, a dívida dos hospitais públicos portugueses aos laboratórios farmacêuticos já ultrapassa os mil e quinhentos milhões de euros. Em apenas um ano aumentou mais de 470 milhões de euros.

Quem deve mais é o centro hospitalar Lisboa Norte, com 225 milhões, segue-se o Centro Hospitalar Lisboa Central com 126 milhões fechando a lista dos cinco maiores devedores, o centro hospitalar do Porto com cerca de 53 milhões.

Não é revelado qual o montante da dívida dos restantes hospitais do País. Ainda sobre este assunto, no final do mês de Maio, a Apifarma denunciou, alegadas, pressões de hospitais públicos que estariam a exigir dos laboratórios perdões significativos da dívida em atraso” para avançarem com o seu pagamento.

O perdão seria, ainda segundo o comunicado da Apifarma, uma condição para os hospitais efectuarem o pagamento a estas empresas.

Esta situação mereceu um veemente repúdio da Apifarma, alegando que contraria o compromisso assumido pelo Ministério da Saúde, no acordo assinado com a associação a 14 de Maio, de criar as condições necessárias para o integral cumprimento e fiscalização do pagamento das dívidas hospitalares, lia-se no comunicado.

Estes números são contrariados pela ULS do Nordeste.

O gabinete de comunicação revela que o prazo médio de pagamento já é inferior a 390 dias e que é a consequência do enorme esforço na regularização da dívida em atraso a todos os fornecedores externos, na qual está incluída a APIFARMA.

Na nota enviada à nossa redação, a ULS do Nordeste acrescenta que, neste momento, foi já regularizada mais de 60% da divida existente no final de 2011, para além de concluídos acordos de planos de pagamentos com alguns fornecedores para regularização da divida remanescente até ao final do corrente ano, e cujo cumprimento tem sido rigoroso, seguindo-se outros com prazo de regularização mais ou menos alargado, pode ler-se na nota.

Relativamente à facturação de 2012, desses mesmos fornecedores (externos ao SNS), a ULS revela que está a proceder ao pagamento no prazo máximo de 90 dias.

 

Escrito por Terra Quente (CIR)