Construção da Barragem do Tua é compatível com Alto Douro Vinhateiro

 

A construção da Barragem do Tua é compatível com a manutenção do estatuto de Património Mundial do Alto Douro Vinhateiro.

É a conclusão a que chegou a missão da UNESCO que esteve no Douro entre 30 de Julho a 3 de agosto para avaliar o impacto do empreendimento na área classificada.

O Ministério da Agricultura, Ambiente, Mar e Ordenamento do Território (MAMOT) recebeu anteontem o relatório final da missão conjunta do Comité do Património Mundial da UNESCO, da União Internacional para a Conservação da Natureza e da ICOMOS (órgão consultivo da UNESCO), sobre a construção da barragem.

O documento conclui que o aproveitamento hidroeléctrico, de acordo com o projecto revisto, “é compatível com a manutenção do Alto Douro Vinhateiro na lista do Património Mundial”. A barragem do Tua, que está a ser construída entre os concelhos de Alijó e Carrazeda de Ansiães, desde Abril de 2011 tem “impacto visual reduzido” na região classificada pela UNESCO desde 2001, de acordo com os três peritos deste organismo que visitaram a região. Portanto, não a belisca “na sua integridade e autenticidade, quer ao nível da paisagem quer ao nível do processo vitivinícola”.

Para o efeito terá contribuído o novo projecto, assinado pelo arquitecto Souto Moura, e que prevê enterrar toda a central hidroeléctrica, bem como um reajuste do ângulo do paredão da própria barragem, de modo a diminuir o impacto visual. O presidente da Agência de Desenvolvimento do Vale do Tua, não escondeu a satisfação pela posição da UNESCO.

“Ficámos satisfeitos com essa notícia até porque essa sempre foi a posição dos autarcas pois dissemos que era perfeitamente compatível porque apenas uma parte da construção da barragem é que estava dentro da mancha do Alto Douro Vinhateiro e que era a central eléctrica”, refere Artur Cascarejo, acrescentando que “a própria a EDP e o arquitecto Souto Moura conseguiram enterrá-la completamente renaturalizando toda a paisagem envolvente, ultrapassando-se esse obstáculo”.

Também satisfeito ficou presidente da Turismo do Douro.

“Congratulamo-nos com o fim desta questão e com a decisão tomada pela UNESCO que mantém a classificação do Alto Douro Vinhateiro”, afirma António Martinho. “Essa classificação é uma mais-valia para o destino turístico do Douro e que deve ser salvaguardado”, salienta.Sem razões para festejar ficou o presidente da Quercus em Vila Real.“Não ficamos muito satisfeitos, mas era à UNESCO que competia decidir e eles decidiram. Mas uma coisa não tenho dúvidas, é que houve grandes pressões da parte do Governo sobre as UNESCO para tomar esta decisão”, refere João Branco, considerando que “já não haverá muito mais a fazer, mas vamos ver como se desenrolam as coisas”.

Segundo fonte oficial do MAMOT, o relatório da missão da UNESCO refere ainda que o calendário da obra foi abrandado, seguindo as conclusões da reunião do Comité do Património Mundial de São Petersburgo, na Rússia.

E até aqui se verifica uma evolução, pois a anterior avaliação sugeria um “abrandamento significativo” e o relatório actual refere-se apenas manter um “abrandamento”.

Seja como for, a conclusão da obra só já deverá ocorrer em 2016.

 

Escrito por Rádio Ansiães (CIR)