O Centro Cultural de Macedo de Cavaleiros encheu para receber o XI encontro de Cantares de Reis.
O espaço estava a abarrotar pelas costuras com os macedenses a não querem perder mais esta tradição de música e cantares.
Quem assistiu frisa a importância de continuar a incrementar o espírito do que é tradicional e passá-lo a novas gerações.
Dizem que estes rituais nasceram no povo e que expressam o valor da população no cultivo das tradições.
“Todas as tradições, tudo o que é do povo, tem que se manter. Parece que as pessoas se começam a ligar mais e a dar valor a essas tradições.”
“As tradições são uma forma cultural de nós passarmos as nossas vivências para os nossos filhos, os nossos netos, por isso, elas não podem morrer. É como uma casa que não tem raízes. Onde fica? Cada terra tem a sua forma de festejar a sua festa e cada acontecimento. Trás-os-Montes é caraterizado pelo cantar dos reis e casa em casa, alias, o Grupo de Balsamão continua a manter esta tradição. Durante todo o mês de Dezembro e Janeiro correm as aldeias para que a tradição não morra, para que a mensagem de paz e alegria, que tanto precisamos nesta altura, vá a cada casa e a cada família.”
O Centro Cultural de Balsamão foi um dos grupos que subiu ao palco para cantar as janeiras.
O pároco, Basileu Pires divide o significado do Cantares de Reis em três focos principais.
“Em primeiro é uma expressão da nova envangelização, queremos anunciar Cristo, a alegria de ser Cristão. Muita gente pensa que ser Cristão é um desmancha-prazeres, não é. Para nós é a alegria porque Cristo dá-nos a alegria de sermos amados, a alegria de amar, a alegria da paz interior. Em segundo queremos manter certos cantares que são para nós uma expressão cultural, certas quadras populares e nós procuramos executá-las da melhor maneira que sabemos. Em terceiro lugar é uma maneira de angariar fundos para uma causa. Habitualmente, angariamos fundos para a nossa igreja que ainda temos que pagar, no ano passado angariamos fundos para outras igrejas das paróquias onde estamos a trabalhar e estão em obras. Às vezes angariamos fundos para causas sociais, como problemas de catástrofes a nível mundial. Este ano, possivelmente iremos ter uma noite para a fome.”
A vereadora da Cultura da Câmara de Macedo de Cavaleiros sublinha que esta tradição está bem enraizada no concelho.
Sílvia Garcia corrobora que a força de um território está patente também nas tradições.
“Temos apostado, ano após ano, em manter viva esta tradição, tentar revitalizar e manter muitas outras que temos no concelho. Acho que é uma atividade, quer da parte dos grupos que vem em grande quantidade, quer do público que vem assistir a este espetáculo e apreciam, que tem tudo para se manter durante muitos anos. É uma forma de nós preservarmos uma tradição. Muitos dos nossos grupos não vem só aqui apresentar o cantar de reis, eles vão mesmo bater às nossas portas e andam durante todo este mês de Janeiro. É muito interessante conseguirmos manter uma tradição destas no nosso concelho.”
A Associação Bagueixe em Movimento foi estreante nestas andanças.
“É a associação mais recente que nós tivemos aqui no nosso auditório. Pisou este palco pela primeira vez e estou certa que atrás desta se repetirá muitas vezes. Este ano acolhemos esta associação com muito gosto e creio que a teremos durante muitos anos.”
Cerca de 400 pessoas passaram pelo Centro Cultural de Macedo de Cavaleiros para ouvir os Cantares de Reis entoados pelos 14 grupos de várias freguesias do concelho.
Escrito por Onda Livre