Ricardo Pereira o amigo e “o puto porreiro que tinha a mania que era o maior”

Ricardo Pereira o amigo e “o puto porreiro que tinha a mania que era o maior”

Ricardo Pereira, de apenas 34 anos partiu sem se despedir de amigos, família, e colegas do mundo desportivo.

É com profundo pesar que a Onda Livre presta esta simples, mas sentida homenagem ao seu  colaborador de desporto.

Faleceu aos 70minutos de um jogo amigável entre os Veteranos de Macedo de Cavaleiros e os Veteranos do Norte, numa partida que teve lugar na cidade do Porto, vítima de morte súbita.

Aos 34 anos, Ricardo Pereira sucumbe à ingratidão da vida e o final da sua caminhada é ditada pela queda inanimada, que de imediato mereceu a reação de amigos e colegas de equipa que moveram todos os esforços para reanimá-lo, juntamente com uma equipa do INEM, mas de nada serviu.

Os últimos minutos de vida são recordados pelo diretor dos Veteranos, Domingos Palhau, que estava sentado no banco de suplentes a assistir à partida e que conta as últimas palavras de Ricardo Pereira.

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“Eu estava no banco de suplentes, vi-o passar à minha frente a correr e já perto da baliza do adversário caiu ele e outro no chão, o adversário levantou-se e esticou-lhe a mão para o levantar, o que é normal.

Depois o árbitro auxiliar disse-lhe: levante-se que não é falta, o Ricardo vira-se para ele a rir e diz-lhe: “eu sei, deixe-me só descansar um pouco que já me levanto”.

Nós estávamos no banco e vimo-lo a dar um sorriso, e pensamos que estava a brincar, virou-se para o lado e nunca mais deu de si”, conta.

“Depois o meu filho que tem alguns conhecimentos em socorrismo, tentou com outros colegas, com o Sérgio reanimá-lo, mas nada havia a fazer. Eles puseram-nos de lado par não enrolar a língua, fizeram respiração boca-aboca, fizeram o que é possível fazer nos primeiros instantes até chegar o INEM.

Chegou o INEM e deram-lhe umas seis ou sete injeções de adrenalina, que depois em conversa com a médica ela me disse que quando á segunda ou terceira não reage, poucas ou nenhumas esperanças tínhamos, tivemos um grande bocado com ele e nada”, explica.

É com angústia, emoção e revolta que Domingos Palhau fala do tempo em que o corpo esteve no chão à espera da autorização das autoridades para ser levado para o Instituto de Medicina Legal do Porto, que foi mais de uma hora.

O diretor e familiar descreve Ricardo Pereira com um puto porreiro e com a mania que era o maior.

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“Era um puto porreiro. Tinha a mania de chegar ao balneário e dizer que era o maior, a malta começa e dizia, és o maior o quê?! E ele dizia que era o mais alto. Era espetacular, estar ao pé dele não havia más disposições, era cinco estrelas. Foi pena, foi ele poderia ter sido outro, nós achamos que estas coisas nunca nos acontecem.

Eu sempre tive medo de uma coisa destas, infelizmente não conseguimos seguros, são brincadeiras que fazemos, são jogos amigáveis, percorremos o país em jogos assim. Eu não desejo a ninguém uma situação destas, porque é difícil ver um colega estendido, morto no chão, abandonado sem que chegassem as autoridades e fosse levando para o Instituto de Medicina Legal. Ele ainda este ali uma hora, hora e meia à espera que chegasse a polícia com autorização de o poder levantar”, sublinha, Domingos Palhau.

 

O colega das aventuras de desporto, Carlos Pedro, que o conhecia desde a sua infância recorda-o como um grande amigo e o seu sorriso ficará sempre na sua memória.

 

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“Para recordar o Ricardo, o enorme sorriso dele que contagiava quem estivesse à volta dele. Não era fácil vê-lo chateado, a não ser a jogar à bola, porque nem a feijões gostava de perder. Mas no momento em que o jogo acabava tinha sempre um sorriso para os colegas. Era um excelente amigo, sempre com uma palavra para por os outros bem, o Ricardo estava sempre lá com uma palavra de ânimo”, afirma.

“A maneira como um dia ele definiu tudo o que eu dizia, dizendo: Eu assino por baixo! Infelizmente levou alguém que não pode dizer-nos mais isto, e é a ingratidão do dia-a-dia em que a única certeza que temos é que será a morte, perdemos um grande amigo, um grande companheiro, alguém que deixou em todos nós uma marca de um sorriso enorme”, realça.

José Peixinho, também colaborador de desporto e amigo há doze anos de Ricardo Pereira fala dos planos que tinham e que ficaram por fazer.

 

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“Eu como dizia o nosso amigo Ricardo, assino por baixo as palavras do Carlos Pedro”.

“Infelizmente é mais um amigo que vejo partir, muitas coisas tínhamos combinadas para estes dias que se avizinham, que não vamos poder fazer. Ei-de recordar sempre este amigo, dos bons momentos, das boas brincadeiras, das boas merendas, da excelente pessoa que era. Eu como minhoto que sou, transmontano que já me considero, há doze anos que convivia com ele e apenas posso dizer, Ricardo até já, que um dia destes seremos nós a ir”, expressa.

Henrique Vinhas recorda o Ricardo Pereira de alma altruísta, como o companheiro habitual dos cafés da manhã e o colega dos relatos desportivos.

 

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“Era um companheiro dos últimos anos do café da manhã, assim como o Zé Peixinho e o Carlos Pedro. Era um grande companheiro aqui na rádio, que quando havia os momentos de stress era a pessoa que tentava por água fria, estava sempre disponível para dar a camisa e para ficar sem ela. Recordando os bons momentos que passamos nesta casa com ele, quando relatávamos eu e o Carlos Pedro e ele escrevia na folha, assino por baixo”.

“São as boas recordações, o sorriso e estava sempre de braços abertos, quer fosse para o bom, quer fosse para o mau”, conclui.

 

Ricardo Pereira estudava Engenharia do Ambiente na Escola Superior Agrária de Bragança.

A mulher é professora em Timor e a sua chegada está prevista para o final do dia de amanhã.

As cerimónias fúnebres estão marcadas para quarta-feira às 15 horas.

É com enorme pesar que prestamos as mais profundas e sentidas condolências à família.

 “Cada um sabe a dor e a delícia de ser como e quem é”, já dizia Caetano Veloso.

 

Escrito por Onda Livre 

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1 Comment

  1. Leila Maria Caggiano
    12/03/2013 at 22:20

    Ricardo era um doce de menino, gentil, amável, bom filho. Agora, os anjos o levaram para morar na nuvem azul mais brilhante do céu. Ricardo virou uma estrela,,,,,já era uma estrela aqui na terra, agora, é a mais linda das estrelas do céu …… Ricardo era meu pequeno menino, o meu querido primo !!! Que Deus o abençõe e que ele tenha muita PAZ !!! Meus doces e saudosos beijos carinhosos pra vc, meu primo !!!!