Foram constituídos arguidos, mas vão aguardar julgamento em liberdade, mediante caução de 275 mil euros, as três pessoas detidas pela PJ, suspeitas de co-autoria de um homicídio qualificado de uma professora aposentada de Mirandela.
Foram as medidas de coação aplicadas, na passada quarta-feira, pelo magistrado judicial, após o primeiro interrogatório. Os arguidos (a filha, o genro da vítima e uma amiga do casal) têm de se apresentar periodicamente às autoridades policiais nos próximos dez dias, até ao pagamento das cauções, caso não o façam, é alterada a medida de coação, podendo vir a ser substituída por prisão domiciliária.
A filha e o genro têm de pagar 30 mil euros, cada um, mais 100 mil euros, cada, em hipoteca. Já a amiga do casal, tem de pagar cinco mil euros, em dinheiro e mais 10 mil euros em hipoteca.
O caso tem a ver com a morte de Madalena Romano, cujo corpo foi encontrado na barragem de Bagaúste, em Lamego, amarrado a uma pedra com 30 quilos.
Depois de detidos pela PJ, na passada terça-feira, os três foram presentes a tribunal na quarta-feira, que após oito horas de interrogatório, decidiu constitui-los arguidos, aguardando julgamento em liberdade mediante uma caução total de 275 mil euros, entre dinheiro e património.
O caso remonta a Novembro de 2010. No dia 13, Madalena Romano, professora aposentada, de 72 anos, foi vista pela última vez. Seis dias depois, os vizinhos e amigos, preocupados pela ausência, alertaram as autoridades que se deslocaram à habitação da vítima, entraram pela janela e verificaram que não se encontrava ninguém, apenas um aquecedor ligado.
No dia 22 de Novembro, uma sobrinha participou o desaparecimento à PSP de Mirandela e apercebeu-se que ainda não havia qualquer queixa por parte dos familiares mais diretos, neste caso, a única filha de Madalena Romano.
Quinze dias depois do desaparecimento, foi encontrado por pescadores, um corpo a boiar na barragem de Bagaúste, em Lamego, amarrado a uma pedra com 30 quilos, supostamente, para ocultar o cadáver.
Depois de análises forenses, por comparação de amostra de ADN da filha, ficou provado que o corpo era realmente o de Madalena Romano e que teria sido assassinada por asfixia e só depois atirada ao rio.
A partir daí, e tendo em conta que os indícios apontavam para homicídio, a PJ desencadeou uma investigação minunciosa para tentar reunir prova material consistente para descobrir os contornos deste caso hediondo.
Chegou à conclusão que terá sido um plano executado ao pormenor com a intenção de herdar dinheiro e património da vítima avaliado em mais de 250 mil euros, tendo em conta que a filha teria contraído algumas dívidas e até já ter interposto uma ação de partilha judicial à mãe.
Posto isto, a PJ entendeu haver matéria suficiente para deter e levar a tribunal a filha da vítima, o genro e uma amiga do casal, pela suspeita de co-autoria de homicídio qualificado.
Segundo apuramos, terão sido utilizadas duas viaturas (uma da filha, outra da amiga) para levar a cabo o crime. Uma delas para consumação do homicídio e outra para transportar o cadáver até à barragem.
Refira-se que, devido ao avançado estado de decomposição do corpo da vítima e consequente dificuldade no seu reconhecimento, só foi possível efetuar o funeral de Madalena Romano, quatro meses depois, cerimónias a que não assistiu a única filha da vítima, aumentando por isso, as suspeitas sobre o desaparecimento.
Escrito por Terra Quente (CIR)