Os macedenses são veementemente contra a retirada do helicóptero do INEM de Macedo de Cavaleiros.
Tendo em conta a falta de valências hospitalares e os fracos recursos de assistência médica e pré hospitalar do Nordeste Transmontano, a população frisa que o meio aéreo é fundamental naquele que é o quinto distrito maior do País.
A população de Macedo de Cavaleiros afirma que está na hora de começar a dar primazia à vida humana.
“É péssimo porque é o helicóptero que faz o transporte dos doentes de todo o distrito. É uma mais-valia muito importante dado que não temos acessibilidades que permitam que as ambulâncias cheguem em tempo útil em alguns casos devido à distância e não só. Não se justifica que tudo seja transportado para o litoral ou para fora do distrito. Estamos no interior, temos poucas coisas, se ainda nos vão tirar as poucas que temos não chegamos a lado nenhum. Ou começamos a dar mais-valias para o nosso distrito ou então as coisas vão se complicar porque a nossa população cada vez é mais idosa, cada vez temos mais problemas com doenças e com menos acessibilidades.”
“Eu, como todos os macedenses, estamos contra, isso já toda a gente sabe. Temos que aguardar, não conseguimos combater os nossos políticos. Faz falta, toda a gente sente que está mais perto de nós e por isso não queremos que um serviço demore mais de 30 minutos do que costuma demorar quando alguém está em apuros. A vida das pessoas fica um bocadinho mais em risco do que é normal.”
Dizem ainda que helicóptero deve estar perto das populações e não ao lado dos grandes hospitais centrais.
“Há a teoria que os helicópteros devem estar perto dos hospitais e eu discordo disso. Está provado que em casos graves os minutos contam, o helicóptero deve estar perto das populações não dos grandes hospitais. Quando mais longe estiver dos hospitais mais útil é porque torna a chegada ao hospital central rápida. Vila Real tem o hospital que tem e no caso de AVC’s é lá que essa valência está colocada e depois está muito mais perto do Porto, ou seja, nós é que estamos longe. Por o helicóptero em Vila Real é uma estupidez. Hoje há melhores vias de comunicação mas o helicóptero para existir tem que ser cá.”
“Acho mal porque faz muito jeito. É muito bom para o distrito, se o perdermos será uma perda enorme. Já quase não temos nada, sem o helicóptero ficamos com menos ainda. Pelo menos ainda falam de Macedo, sem o helicóptero aqui já nem na nossa terra falam. Eu sou completamente contra.”
Macedo de Cavaleiros é o coração de Trás-os-Montes.
A centralidade da cidade e a rapidez de resposta são alguns dos pontos que os macedenses apontam para a não retirada do helicóptero.
“Acho que é um serviço que se devia manter, faz falta à cidade, é um sistema centralizado. Se tivermos alguma urgência, uma vez que ainda não há autoestradas para todo o lado, é um bom sistema. Macedo é o coração do distrito, é o coração do Nordeste. A saída do helicóptero levará a uma maior desertificação, à saída dos jovens. Os políticos têm que deixar este serviço na nossa localidade porque se não Macedo passa a ser uma aldeia. A economia local também precisa do helicóptero, precisa de serviços, não é só o litoral. Os transmontanos também são portugueses.”
“Ficamos sem meios para levar as pessoas doentes para hospitais centrais onde poderão ter melhores cuidados, fico triste como transmontano não só como macedense. A cidade de Macedo, em termos de serviços públicos, deixa de ter mais uma valência, já quase não temos hospital, já não temos muitas coisas, deixamos de ter tudo. Será mau para o concelho porque os socorros não serão tao breves. Em termos de Trás-os-Montes somos uma terra central e deixamos de ter um serviço que muitas vezes pode salvar vidas.”
Marta Dias afirma que, se for avante a decisão anunciada pelo INEM em deslocalizar a aeronave para Vila Real, quem irá sofrer mais serão os idosos.
“Quem vai sofrer mais serão os idosos e as crianças. A distância até Vila Real não é muita mas a ideia de ter o helicóptero aqui não é o estar perto para levar o doente, mas sim a urgência de responder no local. Já tiveram provas suficientes da falta que o helicóptero faz cá. A crise é grande mas devíamos pensar no ser humano e não no nosso bolso. Estamos num sítio com mais idosos que crianças, se eles pensarem assim, acabam com o Nordeste.”
Os macedenses com posição vincada mostram-se contra a deslocalização do helicóptero estacionado em Macedo de Cavaleiros para Vila Real.
Escrito por Onda Livre