O Ministério da Educação e Ciência surpreendeu as escolas com mais uma medida que está a causar descontentamento entre docentes e entidades escolares.
A redução do número de turmas e o consequente aumento do número de alunos por turma é a mais recente medida do ministério liderado por Nuno Crato.
As escolas tiveram de fazer as matrículas antes da rede escolar para o próximo ano letivo estar homologada, devido ao atraso do MEC, e agora não sabem como gerir as matrículas dos alunos em cursos que afinal não vão funcionar.
O diretor do Agrupamento de Escolas de Macedo de Cavaleiros, Paulo Dias discorda com esta medida e é imperativo ao dizer que “afetará seguramente” a formação das gerações envolvidas.
“Claro que não concordo. Ninguém pode dizer que se dá uma aula a 25 alunos da mesma forma que se dá uma aula a 30 alunos. Eu creio que terá que haver exceções para o interior, para localidades como Macedo. Seguramente que vai afetar as gerações envolvidas, o nível de individualização que se vinha implementando e aprimorando, o tipo de atenção que um professor pode dar a uma turma com 22/23 alunos ou a uma turma com 30 alunos é totalmente diferente. As escolas mais recentes nem sequer tem mesas e cadeiras nas salas para 30 alunos, estão para 28. O centro escolar foi agora acabado de construir e se nós caminharmos no sentido de ter turmas de 28 não cabem na sala. Não é só a individualização e o trabalho do professor, é um conjunto de situações de organização que estão em causa. Estou preocupado porque isso vai seguramente ter impacto no resultado dos alunos.”
Paulo Dias acrescenta que os Cursos de Educação Vocacional lecionados em Macedo de Cavaleiros vão sair a ganhar com esta reforma escolar.
“Nós candidatamos um curso de educação e formação, queríamos abrir de bar e mesa, para permitir a conjunto de alunos que concluíssem o 9º ano num ano, não foi autorizado. A alternativa que se nos afigura neste momento é o encaminhamento desses alunos para um curso vocacional o que há partida não seria a primeira opção desses alunos. Eu penso que esses cursos irão aumentar em termos de número e diversidade e por isso não há uma relação de prejuízo.”
Por sua vez, dá o exemplo da área socioeconómica que não tem um número suficiente de inscritos para formar turma e alerta para as consequências inerentes a estes casos.
“Em situações como temos neste momento nas socioeconómicas de 10º, em que temos 12 alunos e para os quais não conseguimos autorização para constituir turma, esses alunos vão seguir duas ou três situações diferentes. Haverá alunos que ficarão em Macedo mas mudam de área, correm o risco de estar numa área que à partida não gostam ou acham que não gostam, isso aumenta logo o risco de insucesso e abandono. Depois há os alunos que vão sair de Macedo para fazer o curso fora, isso vai implicar custo para os pais, risco para os alunos porque eles são muito novos para sair de casa e no limite poderá implicar saída de famílias do nosso concelho porque os pais não vêm com agrado crianças tão novas a sair de casa, é natural que em alguns casos haja pais a ir com os filhos.”
O Ministério da Educação e Ciência já veio dizer que as escolas já podem propor alterações à rede, no caso do ensino regular, “para análise e aprovação superior”.
Escrito por Onda Livre