O Senado argentino decretou o dia 06 de outubro como «Dia Nacional do Fado», anunciou, esta terça-feira, a organização do Festival do Fado, que se realizou em Buenos Aires no último fim-de-semana.
O Festival realizou-se na Usina del Arte e, além de espetáculos, incluiu sessões de cinema, conferências, um «workshop» de guitarra portuguesa e uma exposição.
Do cartaz de espetáculos fizeram parte, entre outros, Ana Moura, Carolina, Miguel Capucho, Ângelo Freire, Pedro Soares e André Moreira.
«O grande sucesso desta primeira edição [do Festival de Fado] na capital argentina levou à instituição do Dia do Fado na Argentina, pelo Senado de la Nación Argentina, passando este a ser celebrado no dia 06 de outubro, data da morte de Amália Rodrigues, em honra à artista portuguesa», afirma em comunicado a Everything is New, que organizou o certame.
Refira-se que Amália Rodrigues, falecida em 1999, atuou várias vezes na Argentina, nomeadamente para a televisão nacional.
Recentemente, o catedrático chileno Miguel Ángel Vera, que esteve em Lisboa, realçou a «enorme popularidade» da fadista no continente sul-americano.
Ángel Vera apresentou a sua tese «O Género Portuário», segundo a qual o fado está na origem de vários géneros sul-americanos, entre eles, o tango e a «ranchera», e apresentou um álbum, «Amália de Porto em Porto», com gravações em espanhol, pela intérprete, de várias canções sul-americanas.
Para o investigador chileno, a influência do fado em algumas canções sul-americanas «é parte de um diálogo que começou com os marinheiros portugueses, [entre finais do século XIX e princípios do XX] e que continuou com o aparecimento do disco, e Amália Rodrigues, sem o saber, deu o seu contributo, e hoje há uma fusão muito interessante, em que os novos [músicos] estão à procura das guitarras portuguesas para tocar bolero e tango».
Já em março passado, pela primeira vez, um artista português, Zé Perdigão, foi condecorado pelo governo provincial de Buenos Aires com o título de «Cidadão Honorário».
Em declarações à Lusa o cantor escusando-se «a etiquetar» a música que faz, referiu diferentes influências, nomeadamente de Amália Rodrigues, do fado, e de várias músicas ibéricas e sul-americanas.