Para conter o surto viral que tem afetado a população de coelho bravo, está a ser desenvolvido um projeto, com colaboração com a FEUP (Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto).
O SOS Coelho, financiado pelo Fundo da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, tem como objetivo perceber as causas da doença hemorrágica viral, que neste novo tipo mata as crias da espécie, e, numa fase posterior, monitorizar e repulular as zonas atingidas.
Paula Sarmento, presidente do ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas) de Bragança, explica mais sobre este projeto e sobre a importância assumida por esta espécie animal.
“O Projeto SOS Coelho Bravo é um projeto que está a ser financiado pelo Fundo da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, uma vez que a espécie é, não só uma das principais peças de caça menor em Portugal, mas é também a base da cadeia alimentar das espécies protegidas dos ecossistemas mediterrânicos, e, diria, das espécies com maior estatuto de proteção em Portugal.
Daí que se tenha optado por recorrer ao Fundo de Conservação da Natureza e da Biodiversidade, para permitir iniciar desde já este projeto. O que estamos a financiar é uma primeira fase, esperamos agora que no âmbito do próximo quadro comunitário conseguir levantar mais investimentos para atuar nesta matéria.”
Para já, decorre a primeira fase, a de estudo.
“Esta primeira fase tem a ver com a caraterização do vírus da doença hemorrágica viral, conhecê-lo melhor, compreender como está a funcionar, como é que afeta as populações, se já estabilizou ou não estabilizou. Ao fim ao cabo, uma série de detalhes muito mais especializados do que aquilo que eu consigo lhes explicar aqui.
Essa componente laboratorial, de caraterização do vírus, é feita pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, e tem também a colaboração da ANPC que trabalha mais na componente do controlo de gestão do habitat e das zonas de ocorrência do coelho bravo e da recolha da monitorização.”
Terminada a etapa de laboratório, haverá uma segunda fase, para implementar conclusões.
“Na segunda fase, para além desta componente epidemiológica, vamos trabalhar também na componente da atuação a nível da espécie e do seu ecossistema, com vista a promover o restabelecimento da população de coelho bravo e reduzir os riscos naquilo que for possível. Ou conhecer melhor o funcionamento e a propagação da doença para reduzir, minimizar as essas condições, e assim conseguirmos ajudar as populações de coelho bravo a resistirem a esta epidemia.”
Esta doença não é inédita. A grande diferença desta nova estirpe da doença hemorrágica viral é o facto de matar os coelhos jovens, pondo assim em sério risco a continuidade da espécie.
Paula Sarmento afirma ainda que neste momento já há medidas em curso, nomeadamente ao nível da monitorização da espécie.
O projeto SOS Coelho termina a primeira etapa no verão, previsivelmente em junho, e conta com um orçamento de 186 mil euros. Depois, começa a segunda fase, ainda sem prazos definidos, e que deverá custar meio milhão de euros.
Escrito por ONDA LIVRE