É preciso criar uma política de desenvolvimento local, vocacionada para as zonas do interior do país.
A ideia é defendida por Eduardo Figueira, presidente da ANIMAR (Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local), que sexta feira esteve presente no 5º workshop Interior 2.0, em Macedo de Cavaleiros.
O tema escolhido foi “Potencialidades endógenas como pilar de desenvolvimento local.” Eduardo Figueira acredita que parte dessas potencialidades sejam já aproveitadas, mas falta ainda uma alavanca para o crescimento.
“Não é possível existir esse binómio de comunidade-território, e que ele funcione adequadamente se não houver uma lei-quadro de desenvolvimento regional.
Nós temos que ter uma rede de facilitação para promover o desenvolvimento. Isso passa primeiro por uma lei, a nível nacional, de desenvolvimento regional. Ou por uma política de desenvolvimento regional que deve ter um conjunto de objetivos estratégicos a nível nacional, que depois se encaixam nas estratégias de desenvolvimento local e desenvolvimento regional.
Com tudo isto vamos dizer então que o binómio comunidade-território pode funcionar. Se não for assim, nós não conseguimos avançar.”
Eduardo Figueira acredita na boa vontade política para a criação desta medida de desenvolvimento, que iria permitir um enquadramento inteligente dos apoios disponíveis.
“Eu acho que os apoios existentes não estão bem direcionados.
Parto do princípio que há boa vontade e interesse em que haja desenvolvimento. Mas se não houver de uma forma inteligente e estratégica, uma política de desenvolvimento local e regional, que depois será a base da política de desenvolvimento nacional, não é possível . Porque continua a ter-se uma “manta de retalhos”. Portanto, depois muitos incentivos podem ir para o mesmo lado. Justamente porque não há um enquadramento estratégico inteligente.”
Já o vice-presidente da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros, Carlos Barroso, afirma que para tornar as regiões do interior mais atractivas é preciso ser “ empreendedoristicamente reivindicativo”.
“Começa a haver uma consciência, a nível nacional e a nível local.
Isto tem vindo a acontecer já há algum tempo, mas apenas a nível nacional.
Penso que poderá ultrapassar as fronteiras do nacional, devido à qualidade dos nossos territórios. Não falo só de Macedo de Cavaleiros, mas sim de todo o nordeste transmontano. Esperamos que todos os agentes que estão neste momento no nosso território venham a ser uma forma de atração e de captação de novas pessoas, de novas ideias, de novas formas de fazer com que nos renovemos geracionalmente.
Eu acredito, com sinceridade, que se formos empreendoristicamente reivindicativos, ou seja se fizermos bem aquilo que nós temos que fazer, podemos reivindicar e ser ouvidos por outros para se inverter as tendências que se vem verificando atualmente.”
Durante este workshop falou-se ainda na possibilidade de, brevemente, Macedo de Cavaleiros ser o ponto de fixação de uma empresa ligada à transformação de fruta.
Escrito por ONDA LIVRE