O excesso de colmeias no distrito de Bragança está a afetar a produtividade apícola.
Quem o diz é Francisco Rogão, gerente a empresa apícola macedense Macmel, que revela alguns números divulgados pelo presidente da FNAP (Federação Nacional da Apicultura Portuguesa).
“No distrito de Bragança, segundo dados que me forneceu ontem o senhor presidente da FNAP, há cerca de 120 mil colmeias e mais 20 mil colmeias de Espanha.
A nível apícola é, provavelmente, a maior concentração do país, o que traz problemas de baixa produtividade e em termos da própria gestão do espaço apícola.
Torna-se difícil de gerir. A flor dá por um hectar, por exemplo, 5 kg de nectar por dia. Se lá colocar as abelhas adequadas a tirar estes 5 kg, retiram-no. Se colocarem o dobro, a produção vai vir para metade, porque as flores não vão dar 10 kg.
Há um excesso de apicultura, embora ainda haja aí zonas sem muitas abelhas mas no geral no distrito de está bastante povoado a nível apícola.”
O apicultor diz que, no geral, o distrito está muito povoado por colmeias. A maioria concentra-se em Bragança, Mirandela e no Vale da Vilariça.
Francisco Rogão avança como hipótese para solucionar este problema a introdução de um registo nacional de sinalização de apiários.
“A qualidade não é afetada, só a quantidade.
Devia haver um registo nacional de apiários, em que as pessoas soubessem que as abelhas estão no meio do monte. Às vezes as pessoas nem sabem que elas estão lá, pois estão no meio do monte, das florestas, dos lameiros, dos terrenos.
Se houvesse um registo, que agora já querem obrigar a localizar os apiários através do GPS, se calhar isso poderá vir a facilitar um bocadinho essa parte.
Portanto, penso que seria isso haver um cadastro nacional do local onde estão concentradas as colmeias.”
Na opinião de Francisco Rogão, o setor apícola tem vindo a crescer a região porque muito jovens vêm no ofício um escape.
“Há muitos jovens com menos de 25 anos.
O que tem contribuído para isso é o factos de os jovens saírem das escolas, das universidades e a maior parte, como sabem, não têm emprego.
Uns têm emigrado, outros tem ido sabe-se lá para onde. Mas têm desaparecido, pelo menos, aqui do interior.
Muitos vêm aqui um escape profissional na apicultura, só que a apicultura é preciso ter conhecimentos para cuidar das abelhas, e muitos jovens tem-se sentido mal, porque depois não conseguem levar avante os seus projetos por falta de conhecimento de tratar do gado. Porque isto é gado, são animais, isto é pecuária.”
Atualmente, apenas no distrito de Bragança, há 120 mil colmeias, que representam cerca de 80% da produção de mel a norte do país.
Escrito por ONDA LIVRE