Retirada do exame da carta de caçador motiva reações

As Federações que representam os caçadores transmontanos estão contra a medida do Governo que concentra os exames para a obtenção da carta de caçador em Vila Real.

O presidente da Federação de Caçadores da 1.ª Região Cinegética assegura que a portaria recentemente publicada foi pedida pela própria Federação depois de não haver exames há mais de um ano. Agora, Castanheira Pinto diz que o facto de Bragança ter ficado de fora dos locais para realizar estes exames só pode ter sido um lapso.

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“Esta portaria foi por nós pedida, aquando da Feira da Caça, em Macedo de Cavaleiros, ao Secretário de Estado, que nos prometeu que iria haver, muito em breve, uma época de exames, uma vez que a portaria anterior tinha caducado em dezembro.

Qual é o nosso espanto quando vemos na portaria que Bragança é a única capital de distrito que não tinha sido considerada. Entendemos isto como um lapso, porque de forma nenhuma podemos acreditar que o distrito de Bragança fique fora, num território em que as pessoas tenham que se deslocar, nomeadamente a Miranda, Vimioso, ou a locais mais distantes, a Vila Real para fazer os exames da carta de caçador.”

Castanheira Pinto adianta que tem já uma reunião marcada com o secretário de Estado que tutela esta área e acredita que a solução que vai ser apresentada pela Federação de Caçadores da 1.ª Região Cinegética vai ser aceite pela tutela.

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“No próximo dia 31 deste mês vamos ter uma reunião com o senhor Secretário de Estado para falar sobre o calendário venatório, onde pedimos também para agendar este assunto.

Aquilo que nós propomos, e que penso que deverá ser assim que as coisas têm que funcionar, e irão ser aceites, é que em função do número de candidatos que haverá em Vila Real ou Bragança.

Podemos de 2 em 2 meses alternar e fazer os exames ou em Bragança, ou em Vila Real, à semelhança do que já prevê a portaria entre a Guarda e Viseu.”

Também a Federação das Associações de Caçadores Transmontanos e Durienses já fez saber que enviou uma carta ao Ministério da Agricultura a pedir a revogação desta portaria. Álvaro Barreira, técnico-assessor desta Federação, afirma que em Bragança são criadas escolas gratuitas para preparar os candidatos a caçadores para os exames e por isso não entende que tenha sido marginalizada nesta portaria.

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“O distrito de Bragança é o que tem mais candidatos todos os anos à carta de caçador, e além disso, é uma federação que, inclusivamente, no mês anterior aos exames que as escolas de aprendizagem para o exame da carta de caçador, gratuito, para todos os candidatos e que se viu marginalizada por este por esta portaria que não me parece que tenha qualquer justificação.

Além disso é uma zona onde há uma grande atividade venatória e foi marginalizado. Repare-se que daqui a Vila Real são 135 km .”

As Federações que representam os caçadores transmontanos a pedirem a revogação da portaria, que retira Bragança da lista de locais onde os candidatos a caçadores podem fazer o exame obrigatório para obterem a licença para caçar.

Esta portaria publicada pelo Ministério da Agricultura também já motivou reacções políticas.

O presidente da Distrital do PSD garantiu que já pediu explicações ao partido sobre esta questão. José Silvano admite mesmo tratar-se de um engano deixar Bragança de fora dos locais para a realização de exames para a obtenção da carta de caçador.

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“Ou aqui há um engano, ou há algum funcionário, ou algum dirigente dos serviços que é mais “papista” do que o papa. E eu ainda vou tentar averiguar isso, pois só soube isso ontem.

Ontem coloquei por escrito numa pergunta ao partido, não ao governo, porque só posso fazê-lo por essa via, para que me explicassem esta decisão e quais os seus fundamentos, porque  se ela existir não se percebe.”

Para o socialista Carlos Guerra esta medida é mais uma falta de respeito para com as pessoas que vivem no distrito de Bragança.

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“Tivemos há dias a senhora Ministra das Finanças a anunciar que irão fechar algumas repartições de finanças, antes disso fechar os tribunais, agora até as cartas de caçadores. Qualquer dia acho que vamos ter de pagar para podermos viver aqui ,neste formato absolutamente inaceitável.

É mais uma falta de respeito pelas pessoas que vivem neste território, e espero que poça vir a ser corrigida rapidamente, porque não tem a ver nem com racionalidade de despesas, nem de meios. É apenas uma decisão aleatória tomada enfim neste contexto de esvaziamento de competências que se tem atribuído à região.”

Declarações do social-democrata José Silvano e do socialista Carlos Guerra, depois de a Câmara de Bragança ter anunciado a aprovação de uma resolução para pedir ao Ministério da Agricultura que volte atrás nesta decisão.

Informação CIR (Rádio Brigantia)