O pastor acusado de esfaquear duas mulheres no Verão passado, em Vilarinho da Castanheira, começou a ser julgado hoje em Bragança. Ismael Vicente é acusado de dois crimes de homicídio, um na forma consumada e outro na forma tentada e ainda do crime de detenção de arma proibida e crime cometido com arma.
O arguido de 39 anos, que incorre na pena máxima de 25 anos de prisão, preferiu ficar em silêncio, quando questionado pelo presidente do colectivo de juízes, no início do julgamento.
Ismael Vicente não quis falar. A primeira testemunha a ser ouvida foi a vítima que sobreviveu.
Maria Celeste Costa, de 58 anos é emigrante na Suiça e estava a passar férias em Vilarinho da Castanheira na altura do crime.
Os factos remontam a 4 de Agosto de 2014, na noite da festa da aldeia.
Segundo a acusação, o arguido começou por se envolver numa discussão verbal com a vítima, ainda no recinto da festa.
O arguido terá mesmo arremessado cerveja à cunhada de Maria Celeste, que se encontrava também no local e que viria a morrer.
A acusação descreve que Ismael seguiu as duas mulheres e os familiares até à residência e quando chegavam ao portão, agarrou o braço da mulher, puxou-lhe a cabeça para trás e golpeou-a por duas vezes no pescoço.
A cunhada terá acorrido em socorro da vítima e acabou por ser morta com um golpe no pescoço.
A acusação refere ainda que o arguido se afastou do local, mas regressou instantes depois apontando uma espingarda ao marido da vítima mortal.
O pastor terá abandonado o local, depois de se aperceber do estado das vítimas.
Ainda segundo a acusação, Maria Celeste Trigo terá mandado Ismael Vicente desocupar um armazém que a emigrante lhe havia emprestado.
Uma situação poderá estar na origem das desavenças entre o pastor e a mulher.
Ao tribunal, Maria Celeste Trigo disse que era amiga de Ismael e que na manhã do dia da festa da aldeia terá tentado falar com ele mas apenas conseguiu falar com a mãe.
Depois de se ter deslocado com a mãe do agressor ao armazém que Celeste lhe emprestou, a mulher terá dado pela falta de alguns objectos e participado a situação à GNR.
No entanto, Maria Celeste acabou por admitir, questionada pelo advogado de defesa do arguido, que em Maio do mesmo ano tinha já feito queixa na GNR contra o pastor, garantindo, no entanto, que não tinha havido qualquer conflito entre eles.
Na altura do crime, Maria Celeste estava acompanhada da cunhada, Idalina Trigo que acabou por não resistir aos ferimentos, e ainda do irmão António Trigo, marido da vítima mortal, e da sobrinha Márcia Trigo, filha de Idalina, que acabaram por testemunhar o homicídio.
Informação CIR (Rádio Brigantia)