Joanaz de Melo diz que plano de mobilidade do Tua é “uma fantasia”

O Plano de Mobilidade do Tua é uma fantasia porque não tem qualquer viabilidade económica. É a opinião de Joanaz de Melo, da Plataforma “Salvar o Tua”, que não acredita que possa haver financiamento comunitário para um projeto que não terá rentabilidade.

O ambientalista diz mesmo que o plano de mobilidade não cumpre o principal requisito inscrito na declaração de Impacte ambiental que viabilizou a construção da barragem do Tua.

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“Para já aquilo é uma tontaria, uma fantasia. Porque, dizer que se demora duas horas e meia para chegar do Tua a Mirandela é porque não faz ideia do que está a fazer. Portanto, aqui é areia para atirar aos olhos dos ignorantes e à UNESCO.

Não há nenhum turista que vá fazer uma coisa daquelas, como é evidente. Estava previsto que esse plano iria custar 40 milhões de euros, dos quais a EDP se ofereceu para pagar 10 milhões. O governo já disse que não vai dar os outros 30 milhões e nem há hipótese de haver algum tipo de financiamento internacional porque esses financiamentos não são dados a projetos sem pés nem cabeça.

Terá de perguntar à EDP se está disposta a bancar os 40 milhões para aquilo acontecer. De qualquer maneira, aquilo não cumpre um requisito essencial exigido pela Declaração de Impacto Ambiental da barragem que é repor a mobilidade. Aquele projeto, dito de mobilidade, é sim de imobilidade. Só há uma maneira de repor a mobilidade ali que é reconstruir a linha de caminho-de-ferro fora do alcance da albufeira. Porque as soluções rodoviárias e outras são fantasias.”

Joanaz de Melo diz que a Plataforma “Salvar o Tua” já enviou às entidades competentes os argumentos, com números, a provar que o Plano de Mobilidade não é viável, mas nunca obtiveram resposta

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“O projeto de mobilidade da EDP, pendurado na Barragem do Tua, na nossa opinião não faz qualquer tipo de sentido. Temos uma série de estudos que indicam isso, aos quais nunca obtivemos resposta, é bom que isso esteja claro. O que estou aqui a dizer é provado através de números para o tempo de deslocação, os custos de investimento e operacionais. Portanto, produzimos e entregamos essa documentação às autoridades Portuguesas e à UNESCO e não obtivemos nenhuma resposta.

E nestas coisas, quando não conseguimos respostas o significado é só um: eles concordam connosco só não o querem dizer, é o único significado de uma não resposta. Pois se discordassem de nós rebatiam os nossos argumentos, mas não têm argumentos para rebater. Portanto, aquele plano de mobilidade não faz qualquer sentido e, normalmente, quando estas coisas não fazem sentido não se vão gastar dezenas de milhões de euros a contruí-las e nem dão lucro a ninguém.”

Para Joanaz de Melo, a recuperação da mobilidade ferroviária no Tua, só será viável se for parada a construção da barragem e reposta a circulação ferroviária, mas na vertente quotidiana e turística.

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“Se a barragem for parada, é perfeitamente possível recuperar a Linha do Tua e se calhar com valores de investimento mais baixos do que esses. Aí sim, tenho um modelo de negócio que tem hipótese de funcionar. A utilização daquela linha como meio de transporte e, simultaneamente, como atrativo turístico e até para transporte de mercadorias e ligação entre a linha do Douro e a futura linha de alta velocidade da Galiza, são utilizações da linha que poderão ter futuro e teriam, naturalmente, de ter algum investimento público, sejamos claros. Mas se o Estado Português está disposto a dar uma benesse à EDP que são 34 milhões de euros de subsídios, no mínimo, que é o que neste momento está legislado, sem ser um compromisso contratual. Portanto, isto é uma benesse, um favorecimento do Estado Português à EDP. Se está disposto a dar 34 milhões de euros de subsídios, no mínimo, que é o que neste momento está legislado, sem ser um compromisso contratual, sem nenhuma contrapartida real ou justificação, podia dar esse dinheiro para o desenvolvimento da região em que uma das aplicações poderia ser para a recuperação da Linha do Tua.”

Recorde-se que o Plano de mobilidade é uma obrigação imposta pela Declaração de Impacte Ambiental que aprovou a construção da barragem com condicionantes, nomeadamente uma alternativa à linha do Tua que foi desativada e que vai ficar submersa em 16 dos cerca de 60 quilómetros de extensão.

A EDP e a Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua acordaram elaborar um plano em que a solução passa por uma ligação rodoviária entre o Tua e o cais da barragem, numa extensão de 2 quilómetros. Mais 19 quilómetros a percorrer de barco, entre o cais da barragem e Brunheda. Finalmente, os restantes 39 quilómetros serão percorridos em comboio, mas para tal terá de haver um investimento na consolidação da linha.

O custo estimado é de 40 milhões de euros, sendo que a EDP garante 10 milhões. A Agência vai candidatar o projeto ao próximo quadro comunitário de apoio, para tentar assegurar os restantes 30 milhões.

Informação CIR (Rádio Terra Quente)