Os agricultores poderiam ter mais benefícios se optassem por fazer seguros agrícolas conjuntos.
Manuel Cardoso, diretor regional da Agricultura e Pescas do Norte, lança a ideia aos produtores, para que os seguros sejam pensados a nível das freguesias, para cobrir as culturas predominantes em cada uma delas.
“A agricultura é uma atividade que tem sempre um elevado risco associado, seja climatérico, fito sanitário, ligado a incêndios e outras calamidades, e a maneira que temos de os diminuir e atenuar os seus efeitos é através dos seguros. Os seguros foram mudados pelo governo, vínhamos com uma politica de seguros ultrapassada, caduca e caríssima, saía caro aos contribuintes, e neste momento estamos já com seguros modernos, fáceis de fazer, muito mais acessíveis para o agricultor que precise deles, também de acordos que sejam feitos com as empresas de seguros e com os seus utentes. A ideia que foi lançada foi aquela de fazer um seguro que cobrisse as culturas que fossem compreendidas com necessidade de ter cobertura a nível da freguesia na sua totalidade. Penso que o senhor Presidente da Junta entendeu essa ideia e irão haver conversações, de alguma maneira com o Ministério da Agricultura mas que terão de ocorrer entre as companhias de seguro e a Junta de Freguesia, para que esse projeto pioneiro pudesse avançar. na minha opinião, teria sido dado um passo em frente importantíssimo para diminuir o risco associado à agricultura.”
A primeira freguesia a ser desafia foi a do Lombo, em Macedo de Cavaleiros, onde em agosto o granizo causou avultados prejuízos nas produções deste ano de azeite e de vinho, ex-libris da freguesia, como lembra Armindo Cepeda, presidente da junta, que recebe com agrado esta ideia.
“O diretor regional deixou-nos essa iniciativa, vamos esperar e reunir com a seguradora, fazer um colóquio na freguesia para ver o que dá para arranjar para que, as pessoas, quando houverem intempéries, não sejam tão prejudicadas como aconteceu este ano. Um mini tornado devastou uma média de 50% a 60% da produção, tanto a nível do olival, como da vinha, e muito também da parte hortícola que estava na força da nossa produção.”
O diretor regional explica que no caso do Lombo não foi possível ressarcir os agricultores, e deixa o apelo para que tomam medidas de precaução.
“Nós quando tivemos aqui aquela trovoada, as pessoas não tinham seguros para cobrir esses estragos e é necessário não ficarmos parados perante uma coisa dessas. A pior coisa seria não se fazer nada. O fazer de alguma coisa é, neste caso, pôr a Junta de Freguesia, as companhias de seguros e os agricultores a conversar uns com os outros para que hajam seguros que possam permitir às pessoas ficar compensadas pelas suas perdas de produção ou pelo menos atenuadas quando existem calamidades do género que são frequentes todos os anos na nossa zona onde estes fenómenos atmosféricos extremos ocorrem com muita frequência. Era necessário que não houvesse apenas a perda de produção mas houvesse perda de potencial produtivo, ou seja, para que o Estado intervenha há essa necessidade. Aqui o que se verificou foi perda de produção e essa perda não é legal para que o Estado a compense, são necessários, para isso ,mecanismos das companhias de seguro mutuas, e outros mecanismos que, no caso das companhias de seguro, estão a funcionar muito bem.”
Também Carlos Barroso, vice-presidente do município macedense, vê mais-valias nestes seguros coletivos.
“É óbvio porque os seguros agrícolas, houve uma altura em em Portugal, à cerca de 15 ou 20 anos, tiveram um grande incremento, depois previu-se essa adesão dos agricultores por fruto também do elevado preço. Sei que nos seguros coletivos, as apólices são muito mais baratas para os produtores, e vejo com bons olhos que seja possível que a própria freguesia seja encarada como um parceiro para a execução de um seguro coletivo nas populações que estejam interessadas em aderir. Aguardemos, não conhecia esta figura e acho que o senhor Presidente da Junta do Lombo já mostrou particular interesse em avançar com essa situação. Agora, é preciso que os produtores agrícolas estejam interessados e adiram, situação à qual eu apelo pois depois não vale a pena virmos chorar quando acontece alguma calamidade onde se perde a produção.”
O diretor regional de Agricultura e Pescas a considerar que seguros coletivos nas freguesias, que abranjam as culturas mais relevantes, poderia trazer mais proteção e benefícios aos produtores. Manuel Cardoso falava na freguesia do Lombo, em Macedo de Cavaleiros, onde o vinho, com a existência de duas marcas da Santa Casa da Misericórdia (Quinta do Lombo e Casal do Lombo), e o azeite são os motores agrícolas. O amendoal poderá ser outra cultura a ser reforçada, com recurso ao novo quadro comunitário.
Escrito por ONDA LIVRE