É “uma má decisão” porque a Linha do Tua tinha mais para dar, até em termos turísticos.
Filipe Esperança, o coordenador no Movimento Cívico pela Linha do Tua (MCLT), reage assim à anunciada ecopista, a estender-se entre Mirandela e Bragança, passando por Macedo de Cavaleiros. Considera ainda que é um elevado investimento, que não traz retornos.
“Para a Linha do Tua esta decisão acaba por ser boa em alguns aspetos, nomeadamente na conservação de algumas zonas do canal e até mesmo edifícios, como estações e apeadeiros.
Para a região, para a infraestrutura em si, e para aquilo que ela poderia ter para nos oferecer, achamos que é uma má decisão. Justificamos os nossos argumentos no facto de a Linha do Tua, na nossa opinião, ainda ter um potencial turístico muito grande, que poderia estar a ser aproveitado. E as próprias questões financeiras que estão adjacentes à construção de uma ciclovia, que não traz retorno financeira e que representa uma despesa onerosa para as 3 autarquias.”
Filipe Esperança dá como exemplo a recente ecopista construída na Linha do Sabor, em 2006, no concelho de Torre de Moncorvo, com um custo de cerca de 125 mil euros/km. Um preço que, segundo o MCLT, pode aumentar caso sejam intervencionadas as obras de arte, como pontes e túneis. Como comparação, o coordenador cita a reabilitação da Linha de la Robla, entre Leon e Bilbao, em Espanha, também de linha estreita, que custou 123 mil euros/km. Ou seja, segundo dados avançados pelo MCLT, a ecopista pode ficar mais cara 2 mil euros mais cara por quilómetro. Filipe Esperança fala ainda de 80 quilómetro de linha a ligar Mirandela a Bragança, e não 67, como avançado inicialmente. Para o representante do movimento, cabe também saber o que acontece ao diferencial.
“Aquilo que foi primeiramente dito à comunicação social foi que seriam 13 quilómetros no concelho de Mirandela, 24 quilómetros em Macedo, e 30 quilómetros no concelho de Bragança. Se juntarmos todas estas distâncias perfazemos 67 quilómetros entre Mirandela e Bragança. Pelo eixo da Linha do Tua, eram 80 quilómetros. Ou seja, há aqui uma pequena porção de quilómetros em falta, e convém perceber em que moldes. Será que as autarquias estão a contar com a reconversão do troço compreendido entre Mirandela e Carvalhais. Será que este plano intermunicipal visa a reconversão da ciclovia da Mãe d´Água, em Bragança?”
Filipe Esperança expressa ainda a sua opinião sobre uma possível ligação desta forma a Espanha.
“Parece-nos um pouco ridículo, se me é permita a expressão, que esta expansão aconteça. Porque entre Bragança e Sanabria a orografia é muito mais e os relevos são muito mais acidentados, devido à presença da Serra de Montesinho. E há ali apenas meia dúzia de aldeias no meio que também não terão, seguramente, qualquer tipo de serventia nem ganharão nada com a presença da ciclovia. Sazonalmente, talvez fosse interessante e agradável para alguns turistas esta visita. Continuamos a achar que a distância que separa Bragança de Puebla de Sanabria é demasiado grande para a presença de uma ecopista. Precisaria, sim, de uma ligação ferroviária, que seria o ideal e era o que estava previsto na construção da Linha do Tua. Ou, num segunda hipótese, uma ligação rodoviária rápida e fácil, porque a atual também não é solução.”
A reação do MCLT à reconversão da Linha do Tua entre Mirandela e Bragança numa ecopista.
Escrito por ONDA LIVRE