Os dados são do Centro de Estudos e Avaliação em Saúde (CEFAR), resultantes de um estudo realizado em todo o território nacional, que deu conta que 52,2% dos utentes diz ter-se deparado com alguma falta de medicamento na farmácia.
Em Bragança, a percentagem ultrapassou os 61% e em Vila Real situou-se nos 58%.
Outros dos problemas gerados com esta indisponibilidade foi a interrupção de tratamentos e marcação de novas consultas para alteração da prescrição inicial, o que custou milhões ao Sistema Nacional de Saúde. A média do país é de 21,50%, mas nas zonas mais desfavorecidas e desertificadas do interior, a ocorrência deste tipo de situações foi mais frequente, tendo em Bragança chegado aos 31,17% e em Vila Real aos 27%.
Para o Diretor do Centro de Estudos e avaliação em Saúde, António Teixeira Rodrigues, este é um “problema grave de saúde pública”:
“Isto é grave, tem consequências clínicas graves porque as pessoas tiveram de parar os tratamentos. No entanto, também do ponto de vista económico é grave porque gera diretamente maior impacto e pressão sob o sistema de saúde, estamos a gerar consultas que estimamos, em termos nacionais, com valores que rondam os 40 milhões de euros. Temos ainda o impacto indireto, com as deslocações para o serviço de saúde e para procurar outras farmácias que possam ter o medicamento que procuram.
No nosso ponto de vista, faltar um medicamento para um utente que precisa dele já é suficientemente grave.”
António Teixeira Rodrigues diz que indisponibilidade de medicamentos nas farmácias nacionais tem origem em “várias razões”. No entanto destaca a fragilidade financeira das farmácias, a falta de competitividade e as poucas farmácias existentes no território:
“Existem algumas razões que são de dimensão internacional e afetam igualmente vários países. No entanto, existem outras a nível nacional e ai destacamos a fragilidade de toda a cadeia do setor do medicamento, nomeadamente das farmácias, a falta de competitividade do próprio mercado do medicamento e também,as dificuldades das farmácias das regiões economicamente desfavorecidas se manterem financeiramente.”
Os inquéritos que estiveram na base deste estudo sobre o “impacto da indisponibilidade do medicamento no Cidadão e no Sistema de Saúde foram efetuados em abril deste ano e contaram com a participação dos utentes de 2.097 farmácias do país.
Escrito por ONDA LIVRE e UNIVERSIDADE FM