Governo autoriza prospeção de diversos minerais em Macedo de Cavaleiros e em outros concelhos transmontanos

O Governo, através da Direção-Geral de Energia e Geologia, autorizou os direitos de prospeção de depósitos de diversos minerais, por parte de uma empresa australiana, nos concelhos de Macedo de Cavaleiros, Bragança, Mirandela, Vinhais e Valpaços.

O aviso foi publicado em Diário da República no passado dia 10 de abril, e em causa está a prospeção de ouro, prata, chumbo, zinco cobre, lítio, tungénio, estanho e outros depósitos minerais ferrosos e minerais metálicos associados.

Benjamim Rodrigues, autarca de Macedo de Cavaleiros, esclarece que neste momento trata-se apenas da autorização para a prospeção, estando qualquer lavra mineira dependente ainda de um estudo de impacto ambiental:

“É um decreto-lei que fomos obrigados a aceitar pois trata-se de uma decisão governamental.

Foi apenas autorizada a prospeção, esta que, desde que seja superficial, só para identificação de minério, não afeta absolutamente nada. O Primeiro Ministro foi bem claro ao dizer que, mais tarde, terá de haver um estudo de impacto ambiental e, só depois, poderão ser tomadas decisões definitivas de avançar ou não. Até lá, nem sequer pode haver qualquer lavra mineira.

Imaginemos que com o estudo de impacto ambiental se atesta que não há qualquer afetação da nossa área do Geopark e da Rede Natura, nesse caso não teremos qualquer argumento para estar sequer a contradizer e a ter outra posição.”

Contra a prospeção e possível futura exploração destes minérios está a concelhia do PSD de Macedo de Cavaleiros, por considerar ser prejudicial para as populações e para o meio ambiente, justifica Nuno Morais, presidente da concelhia:

“No nosso concelho somos radicalmente contra essa pretensão e possibilidade de fazer prospeção. A quantidade de aldeias e o número de populações que potencialmente poderão ser afetadas é enorme.

O primeiro mapa chegou a incluir a Paisagem Protegida do Azibo, posteriormente foi feita uma correção mas, mesmo assim, é incluída grande parte do nosso território nesta pretensão de prospeção e exploração.

É completamente inconcebível esta atitude do governo assim como o silêncio da autarquia.

Não nos resta outra alternativa a não ser lutar e ser contra essas pretensões de prospeção, quer de lítio que de outros que têm uma grande influência na degradação do meio ambiente, nomeadamente no que toca às linhas de água e à própria paisagem.”

No entanto, Benjamim Rodrigues afirma que a autarquia emitiu um parecer que delimita locais onde não concordam que a prospeção seja feita:

“Nós salvaguardamos os interesses do nosso território e da nossa população, dando um parecer no sentido de que teriam de salvaguardar todos os sítios classificados, não podendo haver intervenção nessa zona, preservando a nossa faixa ambiental da Rede Natura.

Agora, o que dai para a frente for feito, será contra a nossa vontade. “

No caso de Macedo de Cavaleiros, as aldeias e lugares que fazem parte da área autorizada para a prospeção são Ala, Brinço, Vilarinho do Monte, Arcas, Nozelos, Ferreira, Mogrão, Comunhas, Amendoeira, Gradíssimo, Latães, Corujas, Podence, Edroso, Valongo, Espadanedo, Bousende, Soutelo Mourisco, Cabanas, Vilar de Ouro, Murçós, Lamalonga, Argana, Vila Nova da Rainha e Fornos de Ledra.

Escrito por ONDA LIVRE