Crime ambiental no rio Rabaçal, junto à localidade de Eixes, no concelho de Mirandela.
Uma enorme mancha de gordura, água acastanhada e centenas de peixes mortos.
Foi este o cenário que alguns habitantes da aldeia de Eixes denunciaram às autoridades, no passado domingo, como confirma Maria Gouveia, coordenadora da proteção civil municipal de Mirandela:
“O Serviço Municipal de Proteção Civil recebeu o alerta de que havia peixes mortos à superfície aqui do rio, junto ao açude da localidade de Eixes.
Deslocamos-nos imediatamente ao local e verificamos que, no domingo, tínhamos aqui uma nata muito espessa na superfície da água do rio e centenas de peixes mortos. ”
Os habitantes de Eixes estão indignados com este crime ambiental:
“É mau para a aldeia e para toda a gente, é feio.”
“Cada vez mais se fala no ecossistema, preservar o ambiente e nas consequências das alterações climáticas, e se acaba por acontecer uma catástrofe destas, acho que não é benéfico para ninguém, tanto para a reputação da aldeia como para o ambiente.
Este rio Rabaçal vai encontrar-se com o Tuela e formam o Tua. Há muitos turistas que se juntam aqui no verão, e se o rio estiver poluído, não é a mesma coisa que se tiver uma água cristalina.”
Dada a proximidade de uma fábrica de extração de óleo de azeitona, em Leirós, já no concelho de Valpaços, os habitantes de Eixes suspeitam que esta situação tenha acontecido devido a uma eventual descarga dessa unidade industrial:
“Devem fazer o que têm a fazer que é pôr condições, mas não defendo que fechem porque há muito gente a trabalhar lá e precisam de ganhar dinheiro.”
“Penso que só poderá ter sido da fábrica, porque dizem que dali para cima não se passa nada. É uma coisa mal feita, mas como ele ali tem muito poder, acho quer as multas que paga acabam por compensar em relação a fecharem a fábrica, penso eu.
A solução poderia passar por fazer uma fossa ao lado.”
Confrontados com estas suspeitas, os proprietários da fábrica em causa não quiseram prestar declarações gravadas, mas negam que tenha sido efetuada qualquer descarga e também já verificaram se teria havido qualquer descarga acidental, mas não foi detetada qualquer anomalia, acrescentando que estão a colaborar com as autoridades para apurar o que realmente terá acontecido.
Entretanto, esta manhã, os serviços de proteção civil de Mirandela e Valpaços já procederam aos trabalhos para retirar os peixes mortos e da nata de gordura que estava concentrada junto ao açude de Eixes, como explica Maria Gouveia:
“Ontem de manhã reunimos aqui neste local com várias entidades, nomeadamente a APA, a GNR, com o Parque Natural Regional do Vale do Tua, com os Serviços de Ambiente e também com a Proteção Civil da câmara de Valpaços, porque trata-se de um local no limite entre Mirandela e Valpaços.
Apuramos as medidas que podíamos tomar para resolver esta situação.
Logo no domingo, tentamos procurar redes de pesca para conseguir conter os peixes mortos caso houvesse uma descida para jusante. Providenciamos imediatamente um contacto com os gestores das barragens a montante para que não efetuassem nenhuma descarga de água. Os peixes ficaram contidos aqui entre o açude dos Eixes e o local onde começaram a morrer. Foram medidas preventivas.
Neste momento o que se está a fazer é a remoção dos peixes com recurso a redes de pesca e com um camião de recolha de saneamento estamos a tirar toda esta nata que ficou à superfície da água.”
A investigação deste caso está entregue à GNR, através do SEPNA (Serviço de Proteção da Natureza) que já elaborou um auto de notícia.
Também a APA (Agência Portuguesa do Ambiente) já recolheu diversas amostras de água para análise em laboratório.
INFORMAÇÃO CIR (Terra Quente FM)