Relatório final conclui que helicóptero do INEM voava “abaixo das altitudes mínimas” quando caiu em Valongo

O relatório final do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários sobre a queda do helicóptero do INEM, sediado em Macedo de Cavaleiros, no dia 15 de dezembro de 2018 em Valongo, concluiu que a aeronave voava “abaixo das altitudes mínimas”.

 

O relatório final da investigação do acidente, emitido esta terça-feira, conclui que o voo estava a ser efetuado “abaixo das altitudes mínimas previstas na regulamentação” o que terá causado a “colisão da aeronave com a torre de radiodifusão”, sendo esta apontada como causa mais provável do acidente.

O relatório indica ainda alguns fatores que contribuíram para o acidente, nomeadamente a “operação em heliportos sem rádio-ajudas, forçando a manutenção de condições visuais com o terreno por parte da tripulação, com condições de visibilidade marginal potenciadas pelo orografia, condições de luminosidade artificial no terreno e as condições atmosféricas locais” assim como a “envolvente organizacional da operação HEMS (helicópteros de Serviço de Emergência Médica) sem a devida análise de risco do operador, associada à falta de soluções de abastecimento de combustível no heliporto de origem (Massarelos), a qual ditou a necessidade de reabastecimento intermédio no trajeto para o destino final em Macedo de Cavaleiros”.

Foi ainda considerado fator contributivo “a falta de sinalização noturna da torre acidentada num nível intermédio, bem como as torres adjacentes instaladas na Serra de Santa Justa, associada a lacunas na legislação respeitante às condições e responsabilidades pela fiscalização do balizamento dos obstáculos à navegação aérea”, embora não tenha sido possível determinar se a sinalização noturna no topo da torre estava ou não operativa.

Refere ainda o relatório final que “fica claro que as ações da tripulação tiveram subjacentes condições latentes e causas profundas relacionadas com a organização e operação do serviço HEMS”.

O GPIAAF conclui ainda que “nem sempre são respeitados os mínimos meteorológicos, como foi o caso do voo do acidente”.

“O piloto estava confiante enquanto conhecedor da área com inúmeros voos realizados em condições semelhantes” e “ a tripulação, ao não abandonar o voo e divergir para o aeroporto do Porto, incorreu numa violação” às regras de voo, e “apesar das horas ao serviço do piloto terem ultrapassado o limite previsto na lei, não foi possível associar as decisões e ações da tripulação a uma condição de fadiga”, refere ainda o documento.

Naquele dia, a equipa do Heli, composta pelo médico Luís Veiga, a enfermeira Daniela Silva, o piloto João Lima e o co-piloto Luís Rosindo, fez o transporte urgente de um paciente desde o Hospital de Bragança até ao heliporto de Massarelos, no Porto. O piloto comandante decidiu aguardar uma melhoria das condições meteorológicas antes de iniciar a viagem de regresso.

Antes de descolar com destino a Macedo de Cavaleiros, o piloto informou que iria parar no Heliporto de Paredes para abastecer, e se caso as condições meteorológicas no local não permitissem a aterragem, regressaria para abastecer no Aeroporto Internacional do Porto.

Cinco minutos depois da descolagem, o helicóptero colidiu com uma torre de radiodifusão na Serra de Santa Justa, em Valongo, desintegrando-se e vitimando os quatro tripulantes.

Escrito por ONDA LIVRE