Olívia Pontes é natural da aldeia de Morais, no concelho de Macedo de Cavaleiros, e venceu o primeiro prémio do “V Research Pitches Contest”, um concurso de apresentações científicas em vídeo, organizado pelo Grupo Compostela de Universidades.
A transmontana propõe um tratamento promissor ao nível do cancro da mama e do rim:
“O meu trabalho foca-se no estudo de novos compostos que foram desenvolvidos no Centro de Química da Universidade do Minho e que depois eu fui testar. Primeiro, em linhas celulares do cancro da mama e depois em carcinoma das células renais. Ambos mostraram ser bastante ativos, e mostraram diminuir as células cancerígenas. Depois, quando passamos para modelos mais complexos, como embrião de galinha e ratinho, vimos que quando induzíamos os tumores o tratamento com esses compostos era capaz de regredir o volume tumoral e também de inibir a formação de novos vasos sanguíneos, que vão levar a que o tumor cresça e se desenvolva mais.”
Uma experiência que revelou ainda não ser tóxica para os animais, o que Olívia Pontes considera ser um “grande avanço”:
“No caso da terapia usada para o cancro da mama triplo negativo, a quimioterapia (que é o mais usado), tem imensos efeitos secundários. Só por aí também já é uma melhoria bastante grande. Na parte do carcinoma de células renais, é igualmente importante porque as terapias que existem hoje em dia levam a uma grande resistência. Chega a um ponto (normalmente seis a dez meses desde o início), em que o cancro já não regride porque adquire resistência ao tratamento a que está a ser sujeito, ou seja, o tumor deixa de responder e leva novamente ao seu crescimento, retirando todo o progresso feito anteriormente.”
Esta investigação decorre há cerca de dez anos, sendo que Olívia faz parte dela há quatro, altura em que iniciou o doutoramento na Universidade do Minho.
A aluna conta ainda os motivos que a levaram a abraçar este projeto:
“É muito gratificante. O que me levou a escolher este curso e perseguir a investigação foi o facto do cancro ser uma doença que mata milhares de pessoas todos os dias. A nível pessoal, tenho pessoas na família que sofreram de cancro.
É muito bom vermos o nosso trabalho reconhecido.”
Olívia Pontes é licenciada em Genética e Biotecnologia pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e mestre em Bioquímica Aplicada pela Universidade do Minho. Venceu ainda prémios da Sociedade Internacional do Metabolismo do Cancro e da Associação Europeia de Investigação em Cancro e uma bolsa da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento.
Escrito por ONDA LIVRE