Há cada vez mais pessoas novas a sofrer AVC

Têm vindo a aumentar os casos de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) em pessoas mais novas.

De acordo com Jorge Poço, Diretor da Unidade de AVC da Unidade Local de Saúde do Nordeste, este crescimento está relacionado com alguns hábitos menos saudáveis que são recorrentes nas camadas mais jovens:

“O habitual é ocorrerem à medida que vamos envelhecendo, contudo, apanhamos, com alguma frequência, doentes com 40/50 anos de idade, aqui na nossa região, que tiveram um AVC, o que se torna assustador.
Tem vindo a aumentar precisamente devido a alguns hábitos que estas camadas mais jovens têm, nomeadamente em termos alimentares. Todos nós sabemos que a alimentação que muitas vezes é feita, esta fast food, não é a mais saudável. Assim como hábitos de tabaco, drogas, o sedentarismo e a obesidade, o que se reflete muito depois no que vai vir.”

Já a nível nacional, os casos de AVC têm vindo a diminuir, mas Portugal ainda está na cauda da Europa no que toca a esta doença, que continua a ser a principal causa de morte no país.

No distrito de Bragança, a estimativa é de que, por ano, haja 400 casos de AVC.

Números que o médico diz serem preocupantes:

“Aqui no distrito de Bragança não há números concretos, tal como também não os há nas outras partes do país, isto porque os números que temos são baseados nos doentes que recorrem aos hospitais e ficam internados. Há doentes que não vão ao hospital, ou porque ficam à espera que aquilo melhore e vão ao médico de família, ou então porque falecem antes de ir ao hospital.

No entanto, temos uma estimativa dos dados que vêm dos nossos internamentos, que rondam os 400 casos por ano, atualmente, o que é muito para um população que, de acordo com os censos, tem cerca de 123 mil habitantes. É como se uma aldeia de média dimensão foi toda acometida por um AVC. 

Esta panorâmica é extensível a todo o país.”

A idade, o género e a genética são fatores de risco para a ocorrência do AVC, no entanto, fora estes, há outros que são controláveis, tais como a diabetes, a hipertensão arterial, o colesterol, a obesidade, o sedentarismo, o consumo de tabaco e de álcool.

Jorge Poço lembra que este é um problema que pode matar ou incapacitar a pessoa durante longos periodos:

“Há gravidades diferentes do AVC, depende do que for. Mas podemos dizer que, no geral, cerca de 10% a 15% podem falecer na primeira semana.

Os dados internacionais dizem que dos que sobrevivem, um ano após o AVC, cerca de 50% das pessoas ainda estão dependentes em alguma atividade da vida diária.

Pode desde o doente ficar acamado, sem capacidade sequer para dar um passo, pode ficar com alterações da visão e, por exemplo, em pessoas mais novas, não poderem mais conduzir, ou então ficarem com grande incapacidade de se expressar.”

Em caso de suspeita de um AVC, o doente deve ligar de imediato ao 112:

“Perante alguns sinais que possam surgir, temos de ligar para o 112.

Os sinais são os chamados três “F”: “F” de face, se a pessoa de repente ficar com a face torta, é sinal de que pode ser um AVC; “F” de fala, se a pessoa ficar com dificuldade em falar; e “F” de força, se ficar com menos força de um lado, nomeadamente num braço, também é um sinal de AVC.

Perante qualquer um destes três “F” não devemos ficar em casa à espera que melhore.”

 

O Dia Nacional do Doente com AVC assinala-se no próximo domingo mas, por calhar no dia de Páscoa, as atividades para marcar a data no distrito vão ter lugar a 2 de abril.

Vão decorrer no átrio do Hospital de Macedo de Cavaleiros, com a realização de restraios aos vários indicadores de risco de AVC, abertos a toda a população ao longo do dia, e vai realizar-se também uma caminhada, em parceria com a Associação de Diabéticos do Distrito de Bragança, às 17h30, pela ciclovia da cidade. O ponto de encontro dos participantes é às 17h em frente à entrada principal hospital macedense.

Escrito por ONDA LIVRE

Cartaz caminhada - Dia Nacional do Doente com AVC 2020 (002) (2)

Entrevista completa no programa Conversa Aberta: