CPCJ de Macedo recebe mais de 70 sinalizações por ano de maus-tratos na infância

CPCJ de Macedo recebe mais de 70 sinalizações por ano de maus-tratos na infância

Mais de um milhão e quatrocentas mil pessoas, dos 18 aos 75 anos, admitem ter sofrido de algum tipo de violência na infância, mais de um milhão e trezentas diz ter sofrido abuso psicológico ou físico por parte dos progenitores e mais de 176 000 foram abusadas sexualmente na infância.

Os dados do Instituto Nacional de Estatística alertam para a realidade que se pretende chamar à atenção durante o mês de abril, dedicado à sensibilização contra os maus-tratos na infância.

Cristina Pires, presidente da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Macedo de Cavaleiros, diz que as principais sinalizações devem-se a negligência e violência doméstica:

“É mais por negligência, por falta de acompanhamento parental, maus-tratos físicos, psicológicos e emocionais, mas o que recebemos com maior incidência são denúncias por maus-tratos em termos psicológicos e falta de acompanhamento parental.
Crianças de tenra idade que muitas vezes ficam sozinhas, os pais saem para a noite e as crianças ficam sem supervisão.
Também temos os maus-tratos físicos, com várias crianças a queixarem-se na escola que são agredidas fisicamente pelos progenitores.
Normalmente as sinalizações são mais pela escola, vizinhos e pessoas conhecidas.”

Este tipo de violência começa aos 0 anos e vai até à adolescência.

Na CPCJ de Macedo de Cavaleiros, dão entrada por ano mais de 70 sinalizações.

Números que têm vindo a aumentar:

“Infelizmente têm. Vemos na nossa comissão, na qual as sinalizações mais frequentes são por violência doméstica, seguida do absentismo escolar e depois temos a negligência a nível parental e maus-tratos físicos. Os casos têm crescido ao longo destes anos.

Muitas vezes, em reunião de comissão alargada ou restrita, questionamos o porquê de isto acontecer, porque é que os pais negligenciam tanto as crianças, porque é que as deixam sozinhas. Além do stress é a falta de acompanhamento.”

Números que Cristina Pires acredita que poderiam ser reduzidos se fosse criada em Macedo uma escola de pais:

“Precisávamos aqui em Macedo de uma escola de pais para ajudar alguns deles neste acompanhamento de crianças, para evitarmos que haja tantas situações de negligência por parte dos progenitores e de pessoas que têm a guarda das crianças. Acho que seria muito útil.

Temos várias entidades que podem ajudar a ensinar. Não estou a dizer que os pais não sabem ser pais, todos nós precisamos, às vezes, de ser elucidados por pessoas que têm mais entendimento na questão da infância e das crianças, como o Agrupamento de Escolas, o Município e entidades que têm a responsabilidade em matéria de infância e juventude.
Já falámos isso na comissão e em reunião de CLAS.”

Durante o mês de abril, um pouco por todo o mundo, são realizadas várias atividades com vista a sensibilizar a população para os maus-tratos na infância e para a sua denúncia, que em Portugal pode ser feita anonimamente através do site da comissão nacional.

Em Macedo de Cavaleiros, ao longo deste mês, estão a ser levadas ações de sensibilização, envolvendo várias entidades locais.

As iniciativas culminam com a criação de um laço azul humano, símbolo deste mês, no dia 30. Conheça o cartaz completo AQUI.

Declarações de Cristina Pires ao programa Conversa Aberta da Rádio Onda Livre.

Escrito por ONDA LIVRE

Entrevista completa aqui ⬇️


 

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