Rui Vaz não se vai candidatar nas próximas eleições autárquicas, em Macedo de Cavaleiros.
O político bem conhecido dos macedenses, que cumpriu mais de 40 anos de política na cidade e que nas últimas autárquicas de 2021 liderou o Movimento “Unidos por Macedo”, e que também concorreu em 2009 e 2013 ao mesmo cargo pelo Partido Socialista.
Admite agora, terminar a sua vida política ativa, depois de 40 anos.
Justifica a sua decisão:
“As razões são simples, quer dizer, a gente também tem de que ter a noção e fazer a leitura daquilo que se passa à nossa volta. Eu cansei-me da vida partidária, esta é uma realidade, porque vivi dentro da vida partidária coisas que nunca imaginei que fossem possíveis. Situações e conviver com pessoas, de facto. E, portanto, acalentado desalento , de certa forma, e até alguma desilusão, que tomou conta de mim a determinada altura. E acho que a vida partidária está muito mal. Aliás, basta olhar à nossa volta, basta vermos aquilo que se passou nestas eleições, que aconteceram no fim de semana passado, para percebermos que algo vai mal na vida partidária, e que os partidos tradicionais trouxeram-nos até aqui. E eu, que o disse há quatro anos, disse que, de facto, partia para uma candidatura independente porque já não me revia, de facto, naquilo que os partidos estavam a ser, não só a nível nacional, como a nível regional e local. E, portanto, quando fiz uma candidatura independente, foi também com a intenção de fazer ver e de passar a mensagem aos macedenses que eu não precisava de estar envolvido num partido. E que foi preciso coragem de me candidatar, sendo uma candidatura independente, mas mesmo assim foi muito difícil poder vingar.”
E ainda acrescenta, que fez a leitura que o povo não estava para aí virado, e que tem muita pena de “Macedo não se podia dar ao luxo de encostar pessoas e de as colocar de parte”, porque detém muita experiência política:
“Mas também soube fazer a leitura que mesmo com todas as dificuldades que uma candidatura independente possa ter, também percebi que o povo, atendendo à votação que me deu, que não estava para aí virado.
Regressar à vida partidária, e não digo com isto, que é definitivo, porque como “diz a voz do povo, nunca digas nunca”, mas neste momento não me move uma vontade e intenção de forma partidária ou fazer qualquer tipo de intervenção neste momento. Tenho pena, porque considero que o povo macedense não se podia dar ao luxo, e não é só comigo, mas com outras pessoas, de as encostar, de as pôr de parte, porque temos a nossa experiência. Eu tive uma experiência de 40 anos na vida cívica da minha terra, tanto no associativismo como na vida política, e portanto tenho pena de não poder dar o meu contributo, mas não é fácil voltar à vida partidária”.
Recorde-se que Rui Vaz, em 2021, encabeçou a candidatura “Unidos por Macedo”, e que conseguiu eleger dois deputados para a Assembleia Municipal de Macedo de Cavaleiros conseguindo alcançar 5,70 %, com 596 votos.
E por isso deixa algumas críticas à política local, para além de referir que o Movimento apresentou um plano estratégico para o concelho que ainda continua atual:
“Mas para isso é preciso dedicação e luta. E esta gente olha para o umbigo, olha para si, já está preocupada em perceber como é que amanhã eu continuo na vida pública, não é? E esta é a forma de ver e de governar a vida. É essa a preocupação das pessoas. A mim moveram-me sempre outros interesses, coletivos e um espírito de missão que sempre tive. No âmbito da candidatura do “Unidos por Macedo” elaboramos um plano estratégico para 10 anos, que era para mim um orgulho. E digo assim, isto era aquilo que eu gostaria de ter feito, é aquilo que eu gostaria de fazer e como já lhe deixei claro, gostaria muito que alguém pegasse naquele documento e o seguisse. Foi feito por macedenses, com uma vontade extraordinária de o desenvolver. Era interessante implementa-lo. Se há quatro anos era um plano estratégico para dez anos excelente, passados estes quatro, continua a ser um plano estratégico para os próximos dez anos, porque o concelho não se desenvolver minimamente”.
Rui Vaz concorreu à presidência da Câmara de Macedo de Cavaleiros, em 2009, contra Beraldino Pinto (PSD) que acabou por ganhar a câmara e Carlos Martins (PCP). Também em 2013, contra Duarte Moreno (PSD), que ganhou a campanha, Carlos Martins (PCP), e Rui Costa (CDS).
Já em 2021, contra Benjamim Rodrigues (PS) que seguiu com os destinos do concelho, Carlos Martins novamente, pelo PCP, Nuno Morais (PSD), e Rui Pachego, pelo Chega.
Rui Vaz também cumpriu sete anos como presidente da Associação Comercial Industrial e Serviços de Macedo de Cavaleiros (ACISMC), tendo dedicado 14 anos a esta associação.
Escrito por Rádio ONDA LIVRE

