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A Cultura Mirandesa foi o destaque das Jornadas Culturais de Balsamão, que ontem encerraram.
Andrade Lemos falou de mitos e das suas origens, ele que conhece estas jornadas desde o berço, há 18 anos. Na voz dele surgem as explicações para a escolha do tema deste ano.
“Porque todos os anos escolhemos um tema, e a cultura Mirandesa pensamos ser um dos fatores determinantes da vida local. Portanto, esta parte está muito relacionada com Miranda do Douro, com a cultura e tradição Mirandesas, e, pensamos por isso, dedicar-lhe um colóquio em especial para difundir e divulgar essa cultura e, talvez, fomentar alguma vocação do mirandês que possa ainda não ter surgido.”
Domingos Raposo participou no processo de oficialização da Língua Mirandesa, além de a ensinar. Não há um número formal de falantes, mas, em todo o caso, a língua está viva e espalhada.
“Não há número nem estatística exatas, nunca se fez essa contabilização, uns dizem uns números outros dizem outros. O concelho de Miranda tem cerca de 8020 pessoas, e à semelhança de todo interior do país tem pouca gente, se formos ver, nem todas as pessoas desse concelho falam mirandês, embora a maior parte fale. Mas se contabilizarmos bem os emigrantes, muitos milhares, mesmo em casa no estrangeiro, falam o mirandês assim como quando vêm de férias, e, assim sendo, podemos dizer que entre 8 a 10 mil pessoas falam a língua. Mas, em todo caso, não são números confirmados porque não se tem feito nenhuma estatística, e era importante fazê-la.”
O padre Basileu Pires pertence ao Convento de Balsamão, e tem costela mirandesa. Foi lá que cresceu, e que ouviu falar de Deus com sotaque mirandês.
“Tentei descrever um pouco o dia a dia do mirandês, particularmente numa cultura rural, em que, desde o levar até ao pôr do sol, tudo estava ritmado pela fé, seja pelas orações que se faziam, quer pelas saudações que se tinham, como por exemplo “Dius ne ls deia buonas tardes” e se respondia “Buonas tardes ne ls dÉ Dius”, “até lougo se Dius quejir”, o pedir a bênção aos pais quando a gente se levantava, se não disséssemos Bom Dia diziam-nos “vai buscar os bons dias à cama”. Portanto, todo o dia era pautado e ritmado pela fé e era uma verdadeira inculturação.
De facto, a cultura rural Mirandesa desapareceu um pouco e a fé levou um abanão muito sério. Não acredito que a fé tenha desaparecido, entenda-se, falta é a inculturação nesta nova cultura, ou, pelo menos, na mudança cultural que se deu, não só na zona de Miranda como também aqui. É um desafio muito sério porque não existe fé sem estar inculturada na vida concreta das pessoas.”
Sábado, o dia foi passado em Miranda do Douro, ou não fosse a cultura do planalto mirandês a estar em destaque.
Escrito por ONDA LIVRE
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A Cultura Mirandesa em destaque em Balsamão | Tierra alantre, la mesma fala
06/10/2015 at 16:15[…] la Onda Livre, […]