O aumento de hospitais privados na região é uma consequência da falta de investimento no serviço nacional de saúde, defendeu Carla Cruz, deputada na Assembleia da República do PCP, que esteve em Bragança, este sábado para debater a lei de bases da saúde. A deputada do partido comunista português defende que tem de haver uma separação clara das duas tipologias de hospitais:
“O Estado tem que responder integralmente e esse é outro pilar que está muito patente no nosso projeto que é a separação do setor. Tem que haver uma clara separação entre o setor público, o setor privado e o setor social porque hoje o privado vive à custa do erário público, das transferênciasdo mesmo e do dinheiro do Serviço Nacional de Saúde e vão engrossar os lucros desses grandes grupos económicos.”
Carla Cruz tem consciência que ainda não é possível haver esta separação, mas é um caminho que no entender dos comunistas tem de se fazer:
“Temos consciência que de hoje para amanhã não é possível deixar-se de recorrer, quer ao setor privado, quer ao setor social, por isso dissemos que essa relação entre o público e o privado deve ser do caráter supletivo, ou seja, enquanto o serviço nacional de saúde não tiver condições para responder por ele próprio aos cuidados de saúde de toda a população. Porém, quando estiver dotado de profissionais e equipamentos, tem que ele próprio dar essa resposta.”
Para a deputada existe uma promiscuidade do sector privado e do público que denuncia:
“Isto é muito importante de falarmos até porque esta relação de promiscuidade entre o setor público, o setor privado e o setor social é o que está plasmado, por exemplo, nas propostas do PSD e CDS-PP. Os projetos de lei destes dois partidos, em particular, querem prosseguir essa promiscuidade e, portanto, aquilo que nós dizemos é que, desde logo o governo, mas também as populações, tem de perceber que o que está aqui em causa é o direito à saúde e não a ideologia do negócio.”
A proposta do projecto lei do PCP para a alteração da lei bases da saúde assenta na abolição das taxas moderadoras e na criação de transporte gratuito de doentes. Outra preocupação é a falta de profissionais no sector.
INFORMAÇÃO CIR (Rádio Brigantia)