Investigador do CIMO considera que é necessário repensar os processos de exploração dos castanheiros

Apesar de o combate às doenças do castanheiro ser uma prioridade que mobiliza a atenção dos agricultores, há outras questões que são importantes relativamente à rentabilidade das explorações. Carlos Aguiar, investigador do Centro de Investigação de Montanha (CIMO), do Instituto Politécnico de Bragança, explicou que na gestão das culturas de castanheiros há vantagens em repensar os processos de exploração:                              

“A maneira como as pessoas gerem o solo dos castanheiro é um assunto de maior interesse pois se o solo estiver nu, vem a chuva e há risco de erosão. Por outro lado, se houverem plantas podem haver algumas vantagens, por exemplo, para fixar azoto. Quando o solo está nu podem-se usar também os destroçadores, mantendo a vegetação sob controle. Outra hipótese é semear leguminosas.”

O investigador do CIMO sustenta que tem de haver equilíbrio e que devem ser tomadas algumas decisões cruciais pelos produtores:

“Há sempre uma questão chave à volta disto. Em regiões como a nossa, onde não chove no verão, as plantas cobrem o solo, protegendo-o e fixando azoto. No entanto, por outro lado, há um grande risco de que as plantas consumam a água que as árvores precisam.

Depois dos meses chave de março e abril, as pessoas têm de tomar algumas decisões como, por exemplo, impedir que a vegetação cresça em altura, destroçar, seleccionar plantas que tenham ciclos muito curtos, no caso de fazerem sementeiras. Também os animais têm aqui um papel importante com o pastoreio a pois mantêm a vegetação rente ao solo, porque quanto mais subir em altura, mais transpira.”

Também acredita que os produtores estão bem informados sobre esta questão e que é mais uma temática a pôr em cima da mesa, mas que há outras que são mais preocupantes:

“A informação circula muito depressa entre os produtores porque o castanheiro é uma árvore valiosa que dá muito rendimento. As pessoas estão muito ávidas de aprender, de trocar experiências e estão cada vez mais bem preparadas, pelo menos é isso que eu consigo verificar. É mais uma questão a pôr em cima da mesa à volta desta cultura apesar da preocupação das pessoas estar sobretudo focada nas pragas e nas doenças. É natural que as pessoas estejam mais interessadas nisso porque, neste momento, é o problema mais sério. “

 Carlos Aguiar foi um dos oradores convidados na quinta edição das Jornadas Técnicas do Castanheiro, em São Martinho de Angueira, em Miranda do Douro.

INFORMAÇÃO CIR (Rádio Brigantia)