PSD e PCP de Macedo defendem que os custos com colocação de contadores da água no exterior devem ser suportado pela autarquia

A Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros está a exigir que os contadores de água que se encontrem no interior da propriedade dos munícipes sejam colocados no exterior.

Os custos com a compra e instalação da caixa para colocar o contador, com acesso para a via pública, têm de ser suportados pelo proprietário.

José Madalena, presidente da Concelhia do PSD, defende que se a imposição é da autarquia, deveria ser esta a suportar as despesas na íntegra:

“Entendemos que deve ser a Câmara a assegurar integralmente a obra, uma vez que na altura não exigiu que a instalação fosse feita no exterior, embora o decreto-lei e o regulamento municipal de abastecimento de água já os estipulassem, mas nunca houve uma exigência relativamente a esta questão. Até sei que já durante o mandato do atual executivo houve construções em Macedo que não colocaram os contadores com acesso para a via pública.

Nesse contexto acho que se a Câmara vem exigir este tipo de obras, então, nesse caso, deveria assumir a responsabilidade do pagamento integral das mesmas, colocando os contadores inteligentes.
Certamente que terá fundos comunitários a que poderá concorrer para suportar estas despesas.”

Também a Concelhia do PCP de Macedo de Cavaleiros discorda que tenham de ser as pessoas a suportar estas despesas, principalmente numa altura em que a capacidade financeira da população está fragilizada pela elevada inflação. Além disso, levanta algumas dúvidas quanto a esta medida, explica Fátima Bento, responsável do partido a nível distrital:

“Falam que nas propriedades, terrenos, pátios e jardins haverá fugas mas a questão é se a Câmara tem conhecimento que se trata de uma situação generalizada e se é isso que leva a usar este argumento, ou quando diz que há ligações ilegais à rede, se tem conhecimento real de que é generalizado. A decisão que toma é generalizada e todos os consumidores têm de fazer essa troca.

Estamos num contexto económico muito difícil e estar a pedir, numa altura destas, e ainda por cima com base numa lei tão antiga, que se faça um investimento que sabemos não ser assim tão pequeno, parece-nos completamente desadequado e daí falarmos de insensibilidade social, porque não acautela as dificuldades que as pessoas estejam a passar, imputando mais um custo, quando muitos outros subiram de forma absurda.”

O presidente da Câmara Municipal, Benjamim Rodrigues, responde que a autarquia vai suportar essas despesas às famílias carenciadas, sinalizadas pelos Serviços de Ação Social da Câmara: 

“Não podemos pensar que um agregado familiar que tem um rendimento mensal na ordem dos 800 euros seja o mesmo que um agregado que tem uma receita mensal na ordem dos 3000 euros, por exemplo. É evidente que não podemos avaliar da mesma forma estas famílias.

No que respeita às que tiverem dificuldades, iremos ponderar e custear estas despesas para as mais vulneráveis.
O nosso serviço de ação social tem essas famílias referenciadas.”

O PCP já tinha emitido um comunicado em que acusava a autarquia de praticar uma “política de intimidação e insensibilidade social”, justificada pela imposição da colocação dos contadores no exterior e anunciadas consequências para quem não o fizer, usando ainda como exemplo, no comunicado, a também referida, por parte da autarquia em outubro do ano passado, colocação de drones para vigiar quem deposita entulho em local indevido.

Na última reunião de câmara pública, o autarca, Benjamim Rodrigues, acusou o PCP, com base no referido comunicadode “declarações completamente absurdas, com desconhecimento total e completa manipulação da opinião”, acrescentando que os drones referidos seriam para detetar zonas de fuga de água.

A concelhia já se defendeu, com um segundo comunicado, repudiando as declarações do presidente da Câmara:

“Acabámos por ser confrontados com declarações do presidente da câmara que refere que não se terá debruçado muito profundamente sobre o nosso comunicado. Se não o fez, acho que lhe teria ficado bem ter-se abstido de comentários, sobre algo que o próprio admitiu não ter profundo conhecimento.

Acabou por fazer uma ligação entre os drones e o consumo da água, acusando o PCP de declarações absurdas, com desconhecimento total e completa manipulação da opinião, pondo em causa a seriedade política do PCP.
Temos a fundamentação toda pois os nossos comunicados são feitos com base na informação real, fomos falar com a população, esclarecer e verificar a lei que eles alegavam, o presidente não o fez e depois deu declarações um pouco ao lado, na nossa opinião.”

Benjamim Rodrigues continua a afirmar que se tratam de “declarações absurdas”:

“Continuo a dizer que são absurdas, quando dizem que andamos a intimidar os munícipes e a vigiá-los, isso é completamente falso.

Estamos a olhar pelos interesses de todos os munícipes, para que toda a gente possa ter a sua água e que não tenhamos de fazer gastos completamente obsoletos ao longo do ano, que nos fazem falta para investimentos nessas mesmas pessoas.
As pessoas têm de ser responsáveis e têm de perceber que não é fazendo política barata que vão contrariar o executivo, que tem feito tudo com muita seriedade e honestidade a favor dos munícipes.”

 

Quanto aos drones, diz tratar-se de uma confusão: 

“Na altura, se o vice-presidente falou nisso, a nossa intenção e o serviço que nós pretendíamos era detetar, através de sensores de fluxo de temperatura, onde havia fugas, não depósitos ilegais de lixo.

Acho que há uma confusão muito grande.”

As opiniões do PSD e PCP de Macedo de Cavaleiros e as respostas do autarca, sobre a alteração dos contadores para o exterior das propriedades, um tema que tem levantado algumas questões entre a população.

Escrito por ONDA LIVRE

Pode ler os comunicados referidos nesta notícia aqui:

Comunicado PSD

Comunicado PCP 1

Comunicado PCP 2