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Em Portugal, 4% da população sofre de insuficiência cardíaca e estima-se que a prevalência da doença possa aumentar entre 50% a 70% até 2030.
É uma doença crónica e os sintomas surgem de forma gradual, sendo muitas vezes confundidos com outras patologias ou até com sinais normais da idade.
Neste Dia Mundial do Coração, a médica cardiologista Maria José Rebocho alerta para a importância de após os primeiros sintomas, procurar um especialista:
“São sintomas muito semelhantes a outras doenças da parte respiratória, como a asma, as bronquites ou outra.
Os sintomas são muito inespecíficos, os primeiros e mais frequentes são uma fadiga, que as pessoas começam a achar que não é normal mas que pode ter várias interpretações. As pessoas habituralmente pensam que estão mais velhas, mais gordas, que é da idade ou de não fazer exercício.Vão deixando passar e depois associa-se um cansaço e uma falta de ar que não tinham antes, para atividades do dia a dia, e o inchaço das pernas, essas são os sintomas que devem chamar mais à atenção e levar a pessoa a procurar um médico para ter um diagnóstico o mais precoce possível e iniciar uma terapêutica.Esta doença mata mais do que alguns cancros mas, como é desconhecida e não valorizada, o que acontece é que uma grande percentagem de pessoas tem o seu primeiro diagnóstico numa ida à urgência.”
Por vezes a doença só é detetada em estados já avançados, mas se for feito um diagnóstico precoce, aumentam as chances de o doente viver com melhor qualidade de vida:
“Quando vai nessa fase já vai mais adiantada.
Eu disse que é uma doença sem cura mas, felizmente, tem tratamento com medicamentos, com dispositivos cardíacos mas para se ter melhor qualidade de vida, sobreviver mais, tem de haver um diagnóstico precoce.”
A insuficiência cardíaca surge, normalmente, como consequência de outros problemas de saúde, sendo mais frequente em pessoas com hipertensão arterial ou que tenham tido enfartes do miocárdio.
Por isso, a melhor forma de a prevenir, é ter um estilo de vida saudável, que deve começar já nas faixas etárias mais jovens:
“Evitar o tabagismo, aumentar o exercício físico, diminuir o excesso de peso e fazer uma boa alimentação, saudável, com limitações nos doces e nas gorduras.
O álcool, por si só, pode dar insuficiência cardíaca. Claro que as pessoas podem consumir álcool diariamente, o problema é o excesso.Fazer exercício e combater o sedentarismo faz bem a tudo, à mente, ao coração, diminui a hipertensão, faz bem aos músculos, aos ossos e não é preciso ir para ginásios, podem fazer caminhadas em zonas planas, desde que se faça, no mínimo, 150 minutos por semana de um exercício relativamente moderado.O sedentarismo é muito preocupante agora nos jovens, nas crianças, está a aumentar com a obesidade e com a alimentação não saudável.”
O Dia Mundial do Coração assinala-se anualmente a 29 de setembro e foi instaurado pela Federação Mundial do Coração com o objetivo de informar e sensibilizar a população sobre as doenças cardiovasculares e para a necessidade de controlar os principais fatores de risco.
Escrito por ONDA LIVRE