No concelho de Macedo de Cavaleiros já há alguns bovinos com sintomas da doença hemorrágica epizoótica, que se trata de uma doença vírica, nestes animais, assim como nos cervídeos.
O inseto pica o bovino e transmite esta enfermidade ao animal, apresentando sintomas como disfagia, lesões na mucosa oral, com espuma, salivação ou respiração acelerada.
A garantia é dada por João Reis, veterinário da ACRIGA – Associação dos Criadores de Gado e Agricultores, sediada em Macedo de Cavaleiros, mas que a área de intervenção incide nos concelhos de Alfândega da Fé, Mirandela, e algumas aldeias do concelho de Bragança. Apesar de o maior foco se localizar em Vinhais:
Neste momento, alguns agricultores já conhecem a doença e fazem um reporte que o animal está com sintomatologia hemorrágica. E têm aparecido alguns casos. Embora não esteja a ser tão grave como o ano passado. Este ano, a situação está bastante mais controlada. Penso que o maior problema está localizado em Vinhais.
Para já não há contabilização de quantos animais estão infetados no concelho. Mas sabemos, segundo respondeu a DGAV – Direção Geral de Alimentação e Veterinária que há 288 bovinos afetados pela doença hemorrágica epizoótica no distrito de Bragança, pertencentes a 121 explorações, com o reporte de 17 mortes de animais transmontanos:
A contabilização é difícil de fazer porque neste momento, os criadores já conhecem a doença, sabem tratar dela. E nalguns casos até acaba por passar aos animais sem medicação. Eu considero que alguns bovinos já adquiriram imunidade do ano passado e já não têm sintomatologia tão grave como tiveram em anos anteriores.
Em termos de números, já é difícil reportar quantidade de animais infetados, muito por causa desta questão. Muita sintomatologia é passada ao lado e nem nos é reportada.
João Reis, veterinário da ACRIGA, explica que até outubro e novembro existem condições favoráveis para o desenvolvimento deste mosquito que provoca esta doença, e por isso deixa o alerta aos criadores de gado:
Se as temperaturas estiveram muito altas e secas, o mosquito acaba por não ter condições favoráveis para desenvolvimento, que são as temperaturas médias altas, com humidade relativa alta. O mosquito gosta de águas paradas, lamas, chorumes. Por isso, nesta fase, é a que há maior proporção de propagação à existência do mosquito. Até ao mês de outubro, novembro há maior propensão de haver mais casos.
E também deixa algumas recomendações:
A principal recomendação é a desinsetização dos animais e das instalações. Essa é fundamental e deverá ser realizada de 15 em 15 dias, no máximo, de mês a mês. Realizar a utilização de repelente e substâncias desinfetantes. Já existe a vacina, que já está autorizada no mercado. Só que já vem tarde. Isto porque a vacina só vai conferir imunidade passado um a dois meses. Tem que ser efetuada uma administração e depois o reforço passado 21 dias.
Teoricamente, se nós dermos a vacina agora, o animal só fica imunizado daqui a um mês e meio, sendo que no prazo temporal, já se situa em novembro, período que o vetor já não está ativo. Logo, nesta fase, a vacinação, pode efetivamente ser utilizada, mas já não é uma arma muito eficaz este ano, será no próximo ano. Outra coisa que os criadores poderão fazer é a limpeza mais frequente dos estrumes e dos chorumes. Assim, como não permitir que os animais estejam perto destes chorumes.
Luís Reis, um criador de gado e também presidente da direção da ACRIGA, assegura que ainda não teve nenhum animal infetado este ano:
Eu ainda não tive nenhum animal infetado, este ano. No ano passado, sim. Nos produtores de Macedo, não tem havido muitos casos, no ano passado houve mais. Porventura, como houve a doença o ano passado, os animais já têm imunidade. No entanto, nunca temos a certeza disso. Sei que houve alguns casos na ACRIGA. Sei que este ano, está afetar mais concelhos que não foram afetados, no ano passado.
Em Macedo de Cavaleiros, o ano passado houve cerca de 30 casos de hemorrágica epizoótica. O médico veterinário da ACRIGA queixa-se que este processo de reporte à DGAV é muito complexo e moroso.
Também falamos com um criador de gado, Dionísio Borges, de Vilar Chão, do concelho de Alfândega da Fé, que desconfiou que uma das suas 30 vacas estava infetada e administrou a vacina contra a febre como conta:
Agora não tenho. Quando as trouxe do campo, deparei-me com uma corrompida. Não sei se era, ou se não era. Dei-lhe a injeção para lhe acalmar a febre, logo lhe passou. Mas vamos lá ver se não apanha mais nenhuma. Para já, não há nenhuma infetada. Ainda não temos a vacina para o mosquito, e a procura agora também é muita. Mas aqui a vacina ainda demorará até chegar.
A comercialização da vacina, que é a Hepizovac, foi autorizada no passado dia 5 de setembro, pela DGAV, de forma temporária por um ano.
Recorde-se que a doença foi conhecida o ano passado, no verão, no entanto este ano voltou a assolar os criadores. Para já as zonas mais afetadas são de Vinhais e de Bragança. Mas também em Valpaços e em Miranda do Douro. No ano passado, 70 explorações foram infetadas em Miranda do Douro e em Mogadouro.
Em julho de 2023, foi implementado o Plano de vigilância da Doença Hemorrágica Epizoótica dos bovinos (DHE), pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária.
Este ano, no sul do país, foram identificados 2 focos: um no distrito de Beja e outro no de Santarém. A DGAV também informa que relembra que esta doença é de declaração obrigatória e recomenda aos produtores que consultem a informação atualizada disponível no site da entidade, assim como a consulta do edital número 7.
A DGAV informa que ao dia de hoje, há 12 explorações afectadas com DHE no concelho de Bragança, e em Miranda do Douro, e 107 em Vinhais.
Escrito por Rádio ONDA LIVRE