Júlia Rodrigues critica a integração da DRAP na CCDRN

A Presidente do Município de Mirandela não gostou de ouvir o presidente da CCDRN, António Cunha, referir que a integração da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional tenha sido a solução ideal para uma gestão mais harmoniosa da agricultura, do território e do ambiente.

Júlia Rodrigues não tem dúvidas que a decisão “centralista”, tomada pelo anterior Governo socialista liderado por António Costa, foi errada. “É mais um caso de centralismo do Porto e Braga, ao contrário daquilo que era o Ministério da Agricultura, o mais descentralizado que o país tinha”, refere a autarca, acrescentando que as CCDR’s “nunca tiveram qualquer vocação agrícola”.

Para a autarca socialista, “passamos de uma política de proximidade com a agricultura, para uma política de centralizar tudo de forma administrativa nos grandes centros urbanos que é onde temos menos agricultores a trabalhar a terra”, lamenta.

Júlia Rodrigues deixa mesmo um claro exemplo do esvaziamento que está subjacente a esta nova medida: “Se o Ministro da Agricultura vier à região, não tem um local onde reunir com os agricultores, tendo de pedir aos Municípios, dado que esta medida implementada pelo Governo anterior decidiu romper com aquilo que é a organização do Estado na aplicação dos dinheiros da PAC para centralizar tudo na CCDR”, afirma.

A presidente do Município de Mirandela não poupa críticas à atuação dos partidos do arco da governação, PS e PSD, por entender que têm adotado políticas públicas prejudiciais para o interior, contribuindo para aumentar as assimetrias e sempre em favor do Litoral. “Nem um nem outro partido estão preocupados em ter políticas públicas em função do território”, diz Júlia Rodrigues. “Porque razão é que um agricultor tem de ir ao Porto resolver um assunto ligado à agricultura e o Porto não pode vir aqui resolver um assunto da agricultura quando a distância é a mesma. Só que a distância para os decisores políticos, neste caso para o presidente da CCDRN e para os membros do Governo, não é a mesma e portanto, o centralismo é o erro mais grave que cometemos nas últimas décadas e continuamos a cometer esse erro”, diz.

Júlia Rodrigues não tem dúvidas que tem faltado uma política coerente de coesão territorial e dá como exemplo o que acontece anualmente com o flagelo dos incêndios. “O Estado dá o exemplo da centralização de serviços no Litoral e gasta milhões de euros para combater os fogos e não fazemos a prevenção que é a ocupação do território, que se faz de várias maneiras, em primeira instância, o emprego é a única forma de fixar jovens no território e o emprego público qualificado tem de existir”, afirma.

INFORMAÇÃO CIR (Escrito por Rádio Terra Quente)