Festival literário Porca Lápis terminou com homenagem a António Borges Coelho natural de Murça

Chegou ao fim a segunda edição do “Porca Lápis” – Festival Literário Internacional de Murça que começou no passado dia 5 de maio e que terminou este sábado, com um balanço positivo.

O festival promoveu encontros com escritores, oficinas, debates e apresentações literárias, apresentação de fotografias, dinâmicas com a associação de estudantes do agrupamento de escolas, conferências e tertúlias. Um programa vasto e muito rico, como salientou, o presidente da Câmara de Murça, Mário Artur Lopes:

“Eu considero que o melhor balanço que se pode fazer é a vontade, nos anos que aí vêm, continuar e reforçar este caminho. E, portanto, o balanço é francamente positivo, mas, acima de tudo, levantamos aqui vontades e vontades de mudança, como diz o poeta, e de continuar, no fundo, nesta tarefa de valorizar a nossa identidade através da cultura”.

O momento de encerramento do festival, neste sábado, foi a apresentação do livro “A Arte de Desmascarar a História”, uma publicação do município em que presta homenagem ao historiador e escritor murcense António Borges Coelho. Uma das homenagens é a criação do prémio como o mesmo nome, como acrescentou:

“Sim, para terminar em grande, assumir a nossa responsabilidade, que é homenagear alguém
que teve uma importância grande na nossa vila e foi um lutador pela liberdade e que é inspirador para todos.
Portanto, terminamos homenageando e criando um prémio literário António Borges Coelho, com muita dignidade e de valorização profunda da autoestima daquilo que é a nossa identidade e os nossos”.

A obra foi coordenada por José Eduardo Franco e Isabel Drumond Braga, e reúne testemunhos comoventes de antigos alunos e inclui ainda uma seleção de poemas da autoria do professor António Borges Coelho, que tem atualmente 97 anos, que por questões de saúde débil não pode estar presente, mas fez se representar pelo seu irmão Mário Borges Coelho, que transmitiu uma mensagem de agradecimento e conta também um pouco da personalidade do homem de esquerda:

“O meu irmão António marcou todos os outros, porque era diferente. O meu irmão António é uma pessoa muito alegre, mas de um sentido de justiça acima da média. Sofreu muito por isso. Ele depois saiu do Partido Comunista quando soube que o Estaline tinha feito todas aquelas barbaridades. Mas continuou sempre um homem de esquerda e dos mais desafortunado. Eu só soube ontem, que havia aqui uma avenida António Borges Coelho e comuniquei-lhe.
Ele ficou muito admirado, não sabia, mas, portanto, logicamente que ficou contente, por esta homenagem. Ele sempre gostou muito da terra onde nasceu e por toda esta homenagem que lhe estão a fazer. É evidente que ele ficou contente.”

Como novidade o município de Murça anunciou que vai criar um prémio monetário de dois mil euros, como adiantou o presidente, Mário Artur Lopes:

“Nós aprovamos na câmara já, foi o início de um processo para se criar um regulamento de apoio financeiro, pecuniário, a quem escreva sobre Murça, seja em que formato for.
Esse júri que há de resultado desse regulamento, em 2026, há-de decidir qual é o trabalho desenvolvido, tendo em conta o seu autor, para lhe atribuir o prémio por aquilo que conseguiu, se realmente for representativo daquilo que para nós é importante, que é falar sobre Murça”.

Um processo que terá de seguir ainda na Assembleia Municipal de Murça.

Escrito por Rádio ONDA LIVRE

Oiça aqui a peça: https://ondalivrefm.net/olfm/wp-content/uploads/2025/05/peca-porca-lapis-.mp3