Há seis presidentes de junta no concelho de Macedo de Cavaleiros que terminam agora o seu mandato e que pela imposição da lei, já não podem voltar a candidatar-se por terem cumprido três mandatos consecutivos. Falamos da lei 75/2013, de 12 de setembro, que define o regime jurídico das autarquias locais.
São eles, João Alves, presidente da União de Freguesias de Santa Combinha e Podence, José Manuel Fernandes, dos Cortiços, Inácio Roma, da Junta de Freguesia de Talhas, Jorge Asseiro, da União de Freguesias de Talhinhas e Bagueixe, Leonardo Vila Franca, presidente da Junta de Freguesia de Lamas e David Martins da União de Freguesias de Espadanedo, Edroso, Murçós e Soutelo Mourisco.
João Alves tem 57 anos, e foi presidente de junta de freguesia durante sete mandatos, tendo sido por isso, 28 anos autarca, quatro à frente dos destinos de Santa Combinha e depois mais três à frente da União de Freguesias de Santa Combinha e Podence, pelo Partido Socialista.
Agora de saída, faz um balanço muito positivo.
“O balanço penso que é reconhecido por toda a gente, que é muito positivo. É uma grande evolução das freguesias e não podia ser de outra forma, não foi com certeza só por ser comigo, mas claro que claro que cada pessoa tem o seu cunho e a sua forma de fazer as coisas, mas eu na minha freguesia, portanto, qualquer uma das três aldeias, desde que fui para lá até que saí houve uma revolução completa. Por exemplo, em Santa Combinha posso dizer-lhe que não há lá praticamente nada que não tenha passado por mim. Houve apenas naqueles quatro anos ali umas obras que os meus colegas, que eram os da minha equipa, todos que lá ficaram que deram continuidade e depois a partir daí voltei a tomar os destinos e posso dizer que se visse Santa Combinha antes de eu ir para lá e se a visse hoje, não a conhecia, não tinha nada a ver.”
E acredita que muito foi feito também em Podence e em Azibeiro, uma das anexas.
“Em Podence, acho que também deixamos o nosso selo. E quando digo eu, falo sempre das equipas que me acompanharam, não sou só eu, porque isto é um balanço feito por pessoas que são equipas. Embora a gestão, fosse essencialmente minha, mas se não tivesse tido a ajuda das outras pessoas, muitas coisas não seriam feitas. Mas penso que sim, que foi um balanço positivo, agora o que é que gostaria de fazer? Há sempre mais coisas para se fazer. Mas fizemos muito, sinceramente fizemos muito.”
Outro autarca que soma muitos anos de serviço público é Inácio Roma, presidente de Junta de Talhas, que conta já com 40 anos ao serviço da vida política como confessou. Primeiro cumpriu três mandatos como secretário e agora, mais 12 anos, como presidente da Junta.
“Sinto-me orgulhoso, sinceramente. Sabe porque me sinto orgulhoso? Vou explicar. Em primeiro lugar, esteve três mandatos consecutivos também, com outro presidente e eu em segundo lugar, como secretário. Depois, o outro disse que se calhar já não se candidatava mais e eu também já não, pronto, não avanço com mais nada. Depois estive 10 anos a dirigir a Associativa. [Depois] o doutor Benijamim, há 12 anos, é que me andou a chatear a cabeça para eu avançar. Então avancei, mas sabe qual é o meu orgulho? Que nunca perdi uma lição, nunca na vida.
E também faz um balanço positivo.
“Positivo, positivíssimo, sinceramente, é verdade. Tenho feito o melhor para a freguesia, não sei se está ocorrente, mas se calhar eu não conheço freguesia nenhuma que ajude a população como nós ajudamos. Temos uma carrinha que faz para transportes gratuitos para os dois Centros de Saúde, para Izeda, que parte da população de Talhas pertence ao Centro de Saúde de Izeda [concelho de Bragança]. Outra, pertence a Macedo de Cavaleiros, quartas-feiras vai a Macedo, e segundas e quintas vai a Izeda. Gratuito, com funcionária, tudo direitinho. Quando a funcionária está a férias vou eu.”
Jorge Asseiro, de 59 anos, atual presidente da Junta de Freguesia de Talhinhas e Bagueixe cumpriu quatro mandatos, 16 anos, estes dois últimos pelo Partido Socialista. Como balanço considera que houve aspetos positivos e negativos, mas sempre foi tudo feito em prol da população, quando garante que o seu executivo tentou resolver os problemas mais prioritários.
“Em termos de balanço, teve coisas positivas, teve algumas coisas negativas. A gente tenta fazer sempre pelo nosso melhor. Não fizemos tudo o que era necessário fazer nas diversas aldeias da freguesia. Tentamos sempre, eu e o meu executivo tentou sempre fazer pelas coisas mais prioritárias para as pessoas. Aquilo que era mais prioritário, principalmente, para as pessoas que residiam habitualmente nas aldeias da freguesia, e aí íamos fazendo aquilo que nós achávamos que era naquele momento a obra mais prioritária, digamos assim.”
Acrescenta que abandona a política porque é tempo de dar espaço a pessoas novas, com novas sinergias.
“Vou abandonar todos os cargos políticos. Porque entendo, mas isso é uma posição pessoal, entendo que toda a gente tem o seu tempo, e o meu tempo acabou. Não acho muito correto depois de ir em segundo, depois voltar em primeiro, isso não é correto. Eu cumpri 16 anos, fiz o melhor que consegui, podia não ter sido o melhor. Há quem concorde, há quem discorde, isso estamos em democracia, é uma situação normal. Mas eu não concordo que uma pessoa que vai em segundo e depois passado quatro anos regressa em primeiro, acho que cada um tem o seu tempo e há pessoas com outras ideias.”
Também Leonardo Vila Franca de 53 anos, presidente da Junta de Freguesia de Lamas, esteve 12 anos, a cumprir três mandatos. A primeira vez foi eleito pelo CDS, a segunda pela coligação PSD/CDS, e a terceira como independente, do movimento “Todos por Lamas”. Garante que se fez tudo o que se pôde pela aldeia.
“Com os recursos, que tínhamos, tudo que se fez com a pouca ajuda do município, algumas sim, mas nunca a desejada, como é evidente, mas fez o que se pôde pela aldeia e pelos da aldeia, principalmente com o acompanhamento das pessoas, que é a parte mais importante.”
Outro presidente de Junta da União de Freguesias de Espadanedo, Edroso, Murçós e Soutelo Mourisco que fica impossibilitado de se candidatar é David Martins, de 51 anos, que também cumpriu três mandatos, eleito pelo PSD.
“Faço um balanço extremamente positivo, houve imensas coisas que conseguimos para a junta, por sermos uma união de freguesias, por causa da agregação, e é pena que as juntas estejam sempre dependentes e de mão sestendidas para as câmaras municipais, porque por norma se não forem do mesmo partida não têm o mínimo apoio e é impossível gerir uma junta sem apoio da câmara.”
E ainda acrescenta fazendo uma crítica, afirmando que as autarquias têm que se ajudar mais as juntas de freguesia.
“Imensas injustiças. Um exemplo que posso dar é que a minha união de freguesias fez obras em oito cemitérios e teve um apoio de 20 mil euros. E uma das freguesias, que não vou nomear o nome, fez obras no meu cemitério e por ser da cor da Câmara, teve um apoio de 60 mil euros. Isto é um pequeno exemplo. As câmaras têm que se virar mais para as Juntas de Freguesia, têm que apoiá-las, têm que investir em maquinaria pesada para arranjar os caminhos, porque é impossível uma junta de freguesia com o orçamento que tem fazê-lo. E claro, fazem falta para a agricultura. Na época de incêndios então nem se fala, só quando arde tudo é que as pessoas se lembram que deveriam ter limpo os caminhos. E são coisas que o município não ajuda e que é impossível uma junta de freguesia cumprir.”
Outro dos presidentes de junta de freguesia cessante é José Manuel Fernandes, dos Cortiços, com 73 anos de idade, refere que agora é tempo de dar uma oportunidade aos mais novos.
“Faço um balanço positivo, acho que as pessoas sempre apostaram em mim, cada vez que me candidatei ganhei todas as vezes e sempre até com maioria. Tentei fazer o meu melhor, se calhar hoje faria diferente, algumas coisas, como é normal, até nas nossas vidas também as coisas não são sempre iguais, mas acho que as pessoas ficaram a gostar do meu trabalho, e eu também gostei muito das pessoas e tenho muito que lhes agradecer, por terem depositado tanta confiança em mim. As pessoas podem contar sempre comigo, porque sempre dediquei a minha vida à minha aldeia, podia ter ido para a Zona Industrial, porque tenho uma empresa, mas não o quis fazer, mantive-me sempre ali, sempre fiel ao povo.”
Posto isto, há que dizer que já há novos nomes paras as juntas de freguesia. A Rádio Onda Livre foi confirmar as listas dos candidatos das juntas de freguesia. O PS conseguiu reunir lista a todas as freguesias, já a coligação CDS/PSD-PP não conseguiu apresentar lista a Bornes e Burga, na aldeia do Lombo e ainda de Lagoa. Havendo também uma surpresa, que é referente a Chacim, que a atual presidente da junta Andreia Eugénio, passa agora a ser a candidata do PS.
Consulte a lista às Juntas de Freguesia do PS aqui e a lista da a coligação CDS/PSD-PP aqui.

