No âmbito da primeira fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior, o Instituto Politécnico de Bragança (IPB) colocou 762 novos estudantes, menos 237 face à mesma fase do ano anterior, uma diminuição de 23,7%.
Apesar desta redução, ainda é o 5.º politécnico com maior número de colocações, apenas atrás dos situados nos grandes centros urbanos de Porto, Lisboa, Coimbra e Leiria.
Orlando Rodrigues, o presidente do IPB explica que o decréscimo não foi tão grande, graças à atratividade que a instituição tem vindo a alcançar aos longo dos anos:
“Como sabe, este ano, houve uma descida generalizada de colocações, fruto das alterações da regras de acesso. Todas as instituições, sem exceção diminuíram o número de alunos. Nalguns casos diminuíram em 50 %. No nosso caso, foi de 23%. Ou seja tivemos uma diminuição bastante inferior, do que poderia ser expectável, numa região do interior como a nossa. Isso deve-se na nossa perspetiva à atratividade que o IPB tem. E que se tem vindo a afirmar com uma instituição, que tem a capacidade captar alunos. Na verdade, captamos 762 novos alunos, nesta primeira fase do concurso nacional de aceso, o que nestas circunstâncias é um número muito significativo e muito superior, a que a maior parte das instituições do interior, conseguirem captar.”
Desde 2023, que o regime de acesso às colocações do ensino superior foram alterados, ou seja, com exames nacionais como provas de ingresso e a alteração na forma de cálculo da nota de candidatura, onde a média do secundário tem um peso mínimo de 40%, as provas de ingresso um mínimo de 45%, e os pré-requisitos até 15%.
Facto que tem levado ano, após ano, a perder alunos em que neste ano letivo, foram mais de 6 mil alunos, quando o número de alunos do ensino secundário continua estável facto, por isso, presidente do IPB continua a reiterar que é bastante crítico desta alteração:
“Somos críticos desta alteração. Tínhamos feito esse estudo e essa previsão, que iria ter este impacto, que verificamos no atual ano letivo. Íamos ter quebras nacionais na ordem dos 10%, elas foram um pouco superiores ao que tínhamos previsto. Sabíamos que isto ia acontecer, se as regras não fossem alteradas. Portanto, não foram e o impacto verificou-se, tal como tínhamos previsto. Somos naturalmente críticos porque deixa muitos jovens fora do ensino superior. Se mantivessem as regras anteriores, à pandemia, teríamos mais cerca de 6 mil jovens colocados, agora, nesta frase do concurso.
Não faz nenhum sentido de criar condições mais dificultadas, para os jovens entrarem no ensino superior, quando nos precisamos mais de jovens qualificados.
O número de estudantes a frequentar o 12º ano está estabilizado há mais de 10 anos. Anda à volta dos 100 mil alunos. Desses, estão a entrar no ensino superior, público e privado, pouco mais de 60 mil, o que significa que estão a ficar muitos jovem de fora do acesso ao ensino superior.”
E ainda acrescenta que estes dados não são bons indicadores para o país, para a economia e para a sociedade:
“Porque podíamos ter pessoas com mais emprego qualificado, com remunerações mais elevadas e que ficam excluídos dessa possibilidade, fruto desta alteração legislativa. Portanto, na nossa perspetiva é negativo, porque claramente as instituições de ensino superior têm capacidade para formar mais gente, há muito mais gente que quer ser formada e estamos a impedi-los, por uma mera disposição legislativa, que de resto é muit discutível, se têm algum impacto na qualidade.”
Os cursos superiores com maior procura e esgotados continuam a ser Enfermagem e Fisioterapia, Educação Básica, Solicitadoria e de Marketing. Já com quase todas as vagas preenchidas, os cursos de Arte e Design, Línguas para Relações Internacionais e Gestão. Já os cursos de Engenharia, continuam a registar menos entradas.
No total são mais 3500 novos alunos, de outros regimes, de mestrados, e CTeSP.
MODELO DE INGRESSO TAMBÉM CRITICADO PELO CONSELHO COORDENADOR DOS INSTITUTOS POLITÉCNICOS
Também Maria José Fernandes, presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), critica o modelo de ingresso e lembra que já em 2023 os politécnicos tinham este cenário como muito provável: “Alertámos a tutela de que ao exigir mais provas de acesso e aumentando o peso das provas específicas, ao mesmo tempo que reduz todo o histórico do secundário, estávamos a criar barreiras a um conjunto significativo de alunos, sobretudo os oriundos de estratos mais desfavorecidos, cujas famílias não podem pagar a preparação para os exames”.
Face a este panorama, Maria José Fernandes defende que o modelo seja alterado já no próximo ano letivo, para evitar que esta tendência se prolongue, com consequências muito negativas para alunos e respetivas famílias que vêm cair o sonho legítimo de frequentar o Ensino Superior”.
No ano passado, entraram na primeira fase, no IPB 1000 alunos. A EsACT-IPB conta com 179 novos estudantes nas suas licenciaturas.
A 2.ª fase vai decorre de 25 de agosto a 3 de setembro e a 3.ª fase de 23 a 25 de setembro.

