Estão expostas pinturas cheias de cor e sombra, numa simbiose poética, com as pinceladas. Esta é exposição patente na Casa Falcão, de Cristina Castro, até 30 de novembro
Foi inaugurada nesta sexta-feira, a exposição de pintura e desenho intitulada “A vida é ouvido” da autoria de Cristina Castro, no Museu de Arte Sacra, em Macedo de Cavaleiros.
Nesta exposição, a artista, partindo de uma premissa poética, e do contacto direto com a natureza, mostra traços, manchas e cores, paisagens ambíguas quer serenas, quer tumultuosas, como a própria conta:
“Como falei hà pouco, parto sempre de um local onde eu estive, uma serra, uma praia, algo que me é muito familiar e que vou sempre. Portanto, em espaços e lugares, onde eu caminho ou mergulho, por exemplo. E depois também outras paisagens dos mestres da pintura da história de arte. E depois como estava a dizer, este mundo que entra em sussurro, e altera-se como um filtro que se vai apurando, de um ouvido que aprende a ser surdo, para que deixe, que as melodias, possam compor, acolhendo silêncios. Ou seja, há aqui uma deriva poética, da “A vida é ouvido” deste pequenino texto, que mostra que uma paisagem é algo que nós também estamos incorporados. Esta ideia do ouvido, que altera as coisas, que nos vamos absorvendo, o nosso museu cultural. As nossas vivências, que se vão alterando e como a memória, vão se apagando. E portanto, surge o silêncio. É algo um bocadinho mais poético. ”
E ainda acrescenta:
“A ideia da repetição e da continuidade num ciclo ininterrupto. A ideia da repetição é ver mais, para ver melhor. Ver a mesma coisa, mas nunca é a mesma coisa. Como o pintor Cézanne, que pintou centenas de vezes a Montanha de Saint-Victoire, que não sabia quem observava quem. Se era ele que via a montanha, ou se a montanha o via a ele, de tal maneira que as coisas estavam misturadas. E para a tentar compreender melhor, ou compreender melhor a si, pinto-a centenas de vezes.”
A mostra está integrada na exposição permanente do Museu de Arte Sacra, e deste modo, o objetivo é dar a conhecer novos artistas, como destacou Inês Falcão, que tem direção artística a seu cargo:
“Não sendo ela de Macedo, que pode ser uma mais valia trazer a sua obra. E é essa a nossa preocupação, que é trazer, novos artistas, com valor cultural. E esta mistura com o acervo que está no Museu de Arte Sacra, acho que esta simbiose funciona sempre muito bem. Como nós tentamos mudar e a exposição de Arte Sacra, como está aqui já há alguns anos, que não seja sempre a mesma coisa, trazemos vida para dentro do museu, porque temos visitantes, que vêm dois, três anos, e não podem ver sempre as mesmas obras. É essa a nossa aposta, é essa a mistura e sobretudo com esta artista que lhe fizemos o desafio, e ela aceitou. E portanto, esperemos que os macedenses tenham a curiosidade de ver o que esta exposição tem a ver “A vida é ouvido”.
Presente na inauguração também esteve Benjamim Rodrigues, presidente da câmara de Macedo que evidencia a vertente poética através da pintura:
“Neste caso, optamos por trazer alguém com um processo criativo muito produtivo. É uma investigadora, que é conhecedora de artes, nas suas vertentes e que tem uma formação muito rica. Ao mesmo tempo, podemos dizer que é uma pessoa que também é uma poeta, ao ter esta produção, também está a fazer poesia. E há aqui muito trabalho de introspeção. Isto permite que qualquer comum cidadão, possa apreciar, as sensações cromáticas, que é possível desfrutar e ao mesmo tempo poder imaginar, o que está por detrás, desta mensagem que é visível. Portanto, eu falo de serenidade, de nostalgia, de bucolismo, que a nossa paisagem tem tudo a ver também. E por vezes, vemos sombras e aquilo que nós não vemos está apara além da nossa imaginação”.
A artista Cristina Castro é natural do Porto, tem formação académica em Artes Plásticas – Pintura. Desde 1995 que tem realizado exposições individuais e coletivas, para além de ser professora e investigadora.
A inauguração contou também com uma apresentação musical do professor António Lopes. Já a exposição vai ficar patente até dia 30 de novembro.










