População da comarca de Aliste, em Zamora, está revoltada com a falta de “vontade política” e insistência em não converter de uma vez por todas a Nacional 122 em autoestrada.
“A estrada da morte”. É assim que é conhecida a Nacional 122 de Zamora a Quintanilha. Um troço, que segundo o jornal espanhol “La Opinión de Zamora” já provocou a morte a mais de 200 automobilistas, em 32 anos.
Inúmeros acidentes têm acontecido nesta estrada transfronteiriça. Mas foram os últimos acontecimentos, nomeadamente a morte da jovem mirandesa de 19 anos, no passado dia 17 de outubro, que criou uma onda de revolta na população local.
Uma publicação na página do facebook, intitulada “Comarca de Aliste” sobre o acidente da jovem mirandesa, conta com mais de 70 mil visualizações e inúmeros comentários que reclamam, não só, a conversão da estrada nacional em autoestrada mas que a obra seja considerada de “interesse público prioritário”.
A Nacional 122 é usada diariamente por diversos condutores, para circular entre Bragança e Miranda do Douro, nomeadamente pelos Bombeiros para transportar doentes até ao Hospital de Bragança, mas também por trabalhadores que têm de passar a fronteira para trabalhar, assim como estudantes e transportes de mercadorias, sendo uma artéria importante entre as regiões raianas.
Segundo avançou o jornal “La Opinión de Zamora”, ao longo dos aproximadamente 72 quilómetros da Nacional 122 que ligam Zamora à Ponte Internacional sobre o rio Maçãs, apenas três aldeias não registaram qualquer acidente fatal, destacando a elevada sinistralidade que afeta as restantes localidades da região.
A conversão desta estrada é um tema antigo. Em 1993 foi proclamada, pela primeira vez, a transformação do troço sendo considerada uma obra de “interesse estratégico” para fixar jovens, empresas e dinamizar a economia dos dois países. 30 anos depois, nada mudou, e aquilo que se acreditava ser um sonho tornou-se num verdadeiro pesadelo.
Os acidentes começaram a acumular e levou a que autarcas de Alcanices e Miranda do Douro se reunissem, em 2020. O objetivo era claro, encontrar soluções para pressionar o Governo Espanhol a transformar, de uma vez por todas, esta nacional em autoestrada e evitar mais acidentes. Entre as várias propostas, os autarcas pensaram em solicitar à Direção Geral de Trânsito que declarasse o traçado Zamora-Quintanilha com um “ponto negro”, para depois fazer chegar a questão à comissão europeia dos transportes e mobilidade.
Passados cinco anos dessa reunião, ainda nada foi feito. Portugal cumpriu com a sua parte, estendendo a A4, através da ponte sobre o Rio maças, até Quintanilha. Mas desde então, tudo permanece igual. Uma situação que deixa, ano após ano, a população consternada, à espera de uma resposta que estanque de vez esta ferida que continua a sangrar, sem qualquer cura definitiva à vista.
INFORMAÇÃO CIR (Escrito por Rádio Brigantia)