Presidente da câmara de Vila Nova de Foz Côa e o presidente da CP defendem a reabertura da ferroviária entre o Pocinho e Barca d’ Alva

O presidente da câmara de Vila Nova de Foz Côa, João Paulo Sousa defende que falta vontade política para a reabertura da linha ferroviária entre o Pocinho e Barca d’ Alva.

Em declarações à margem da apresentação do programa da 43ª Festa da Amendoeira em Flor, o autarca, garante que pode perder a batalha, mas promete “que a guerra será dura”:

“Posso perder essa batalha, mas a guerra vai ser dura, que se trata da reabertura da linha ferroviária até Barca d’Alva. Esta reabertura será sustentável, do ponto de vista do turismo. Os indicadores referenciados são muito bons, quer da IP e da CP, a nível ambientais, demográficos, turísticos e patrimoniais. São tudo indicadores positivos. O que falta? Falta vontade política aos sucessivos governos. Eles anunciam determinadas situações.

Ainda há pouco conversava com o senhor presidente da CP, e dizia que longas e estranhas bengalas terei, quando colocar o pé, em cima do comboio, até Barca d’Alva”.

Acrescenta que não pretende ver, uma autoestrada líquida, como acontece no rio Douro, a “ver passar navios”:

“Mas o objetivo não é existir um comboio igual, à autoestrada líquida que nós temos neste momento, que é, ver os barcos a vê-los passar. Não é isso que se pretende. Por isso, no próximo dia 15, vamos sinalizar a abertura de um posto de turismo, dentro da Estação do Pocinho. Vai ser inaugurado no dia 15. Vamos ter um rosto do município de Foz Côa, que vai receber as pessoas, e vai canaliza-las para os diversos serviços turísticos em Foz Côa. Vamos evitar que um dia mais tarde, o comboio não passe em Barda d’Alva e ninguém fique no concelho de Foz Côa. Temos este objetivo fundamental.”

Questionado sobre qual é o estado da arte deste estudo, João Paulo Sousa, aproveitou o momento para realizar mais uma crítica:

“Relativamente ao troço, não há rigorosamente nenhuma novidade. Até 2029, estão de facto, nessa fase de estudo. Nós somos um país que estuda muito, como a comunicação social sabe. Somos um país, que quando não se quer fazer nada, constitui-se uma comissão. E neste caso concreto, vamos aguardar. Não temos mais nada para acrescentar relativamente a esse ponto.”

Também presente na cerimónia, esteve Pedro Moreira, o presidente da CP, para a assinatura de um protocolo no âmbito da Rota das Amendoeiras em Flor, nesta que é a mais antiga desta empresa de comboios. O representante e presidente do Conselho de Administração da CP também defendeu esta reabertura, por causa de grande importância devido ao seu potencial turístico e de coesão territorial:

“Eu considero que há um grande potencial. Há um estudo que foi público para a reabertura da linha, que destacava que eram necessários, pelo menos, 255 passageiros por dia. Eu digo-vos que isso representa três carruagens Schindler de 2ª classe cheias. Se vocês observarem, no Verão, é sabido, que vamos conseguir ultrapassar esses valores e potenciar muito a região. E trazer turistas através dessa linha, é uma forma e um contributo nosso, não só para a coesão territorial, mas também para a valorização das regiões. É importante trazer turistas para a região, principalmente, para regiões com grande valor cultural e histórico, como é o caso de Vila Nova de Foz Côa. Há quem levante questões, como se não seriam precisas carruagens novas. A essas questões respondo negativamente, afirmando, que o serviço termina atualmente no Pocinho. Era apenas uma questão de proceder à sua extensão por mais estes quilómetros. E utilizaríamos o mesmo material circulante que temos atualmente. Obviamente, com algumas alterações que iramos acrescentar nas escalas e tripulações. Porque é mais tempo de viagem. Mas a CP, se a linha fosse reaberta, depressa conseguiría implementar o serviço. Muito rapidamente”.

Recorde-se que em outubro de 2022 foi apresentado um estudo para a reabilitação deste troço de 28 quilómetros, desenvolvido pela CCDR-NORTE e a Infraestruturas de Portugal (IP), que avaliava positivamente a rentabilidade económica, social e ambiental. O estudo apontava para uma estimativa global de custos na ordem dos € 75 milhões, dos quais € 60 milhões seriam destinados à obra de reabilitação, € 3,5 milhões para projetos e € 11,2 milhões para fiscalização e estaleiro”.

A linha ferroviária Pocinho – Barca d’Alva está desativada desde 1988.

Escrito por Rádio ONDA LIVRE