Condenado pela morte de Giovani Rodrigues diz-se inocente e está revoltado “por ir preso por uma coisa que não fez”

Bruno Fará, condenado pelo Tribunal de Bragança a 10 anos e três meses de prisão, pelo crime do homicídio simples, contra Giovani Rodrigues, pediu recurso da sentença ao Tribunal Constitucional, depois de um recurso para o Tribunal da Relação de Guimarães e para o Supremo Tribunal de Justiça, que confirmaram a decisão de Bragança.

Quer assim reverter a situação porque diz que nunca tocou no jovem que morreu. Confessa que levou o pau para a rixa que se deu em dezembro de 2019 mas que apenas se envolveu em confrontos com um dos amigos do cabo-verdiano.

“As pessoas que me conhecem bem sabem perfeitamente que se fizesse alguma coisa o iria admitir em tribunal. Tinha de haver um culpado e neste caso foi o dono do pau, mas o pau andou em várias mãos e em tribunal não se conseguiu provar porque toda a gente se calou”, disse.

Este foi um dos sete arguidos que se sentou no banco dos réus neste caso. O Ministério Público, em 2023, pediu a absolvição de todos os arguidos, à exceção deste, para o qual pediu uma condenação por ofensas à integridade física agravadas pelo resultado morte, mas o coletivo de juízes decidiu que havia crime de homicídio, alegando não ter dúvidas de que o jovem morreu por causa de uma paulada na cabeça, desferida por Bruno Fará.

Se for preso, teme pelo que irá acontecer à mulher e aos filhos:

“Eu quando estou com a minha filha e digo, olha, o pai vai trabalhar para longe. E ela, e depois eu não o vejo. E isto dói. Por uma coisa que eu não fiz. Estou sempre a pensar na minha filha. Às vezes até já me afasto da minha filha, porque vem-me à cabeça, no dia em que esteja na cadeia, vem-me imagens já. Já estive lá um ano e meio, já sei como é que é. Agora, estes anos estive cá fora. Só fui trabalhar de manhã à noite, de manhã à noite, de manhã à noite, para deixar alguma coisa à minha esposa e aos meus filhos. Claro que o dinheiro não vai esticar. São dez anos e três meses. Por um crime que eu não fiz, é isto que mais me revolta. Ainda se tivesse feito alguma coisa”, assegurou.

O pai do jovem que morreu, Joaquim Rodrigues, considera que a condenação devia ser de mais anos e que mais arguidos deviam ter sido sentenciados:

“Os outros não provocaram a sua morte, mas agrediram-no e como o agrediram pensámos que eles também iriam ser condenados, embora com penas diferentes. É com muita tristeza e angústia que a família recebeu a notícia do julgamento final morte prematura do nosso querido Giovani”, disse.

Giovani Rodrigues veio estudar para o Instituto Politécnico de Bragança, em 2019, e morreu, num hospital no Porto, dia 31 de dezembro desse mesmo ano, precisamente dez dias após uma contenda, onde terá sido ferido. A autópsia não conseguiu ser conclusiva quanto ao que poderá ter matado, sendo que em cima da mesa estavam uma paulada e uma queda.

INFORMAÇÃO CIR (Escrito por Rádio Brigantia)