A segunda edição do Festival Circ’ Bô – o primeiro festival de circo contemporâneo do país a realizar-se numa aldeia, em Vilares da Vilariça, Alfândega da Fé, sofreu uma alteração de datas e vai acontecer de 26 a 28 de setembro, e não de 1 a 3 de agosto, como estava inicialmente previsto.
Depois do “sucesso” do primeiro ano, garante a organização, este festival é mais do um festival de circo contemporâneo, que numa primeira ideia inicial tinha como inspiração levar de novo o circo às aldeias e a sua memória, mas também com o objetivo de ser uma forma de política de povoamento do interior, como sustenta, Filipe Jeremias, um dos três cofundadores, da Associação Ilocal – Inteligência Local – Associação para a Regeneração, Desenvolvimento e Governança das Economias Locais:
“O festival, não é um festival de circo contemporâneo, não se encerra sobre si mesmo, está integrado numa proposta de repovoamento do interior. Isto é o que faz a diferença do nosso ponto de vista em relação a muitos outros festivais, ou seja, o nosso festival não é apenas para se viver durante três dias. O nosso festival é para se poder viver durante o ano e sobretudo para entender a mensagem que está por trás deste festival. Que é como a cultura, também ela, pode ser dinâmica no sentido de atrair novos povoadores a estes lugares. E temos propostas muito concretas para o conseguir fazer e estamos a fazer-lo.”
E por isso, uma das novidades vai ser a apresentação de um documentário produzido o ano passado:
“Vamos ter aqui uma antestreia do nosso documentário, que foi um projeto do ano passado, de uma residência artística que aconteceu o ano passado, que depois resultou num documentário sobre o festival, mas que mostra sobretudo o despovoamento do interior do país, das aldeias e como é que a cultura pode ser uma âncora para trazer nova vida e para trazer repovoamento a estes lugares.”
Também acrescenta que a recetividade do ano passado ao ter sido tão boa, acalenta ainda mais o objetivo de colocar a aldeia no “mapa da Europa”:
“Realmente que esta é uma das mensagens que queremos transmitir, que queremos transportar para o público. Depois, dizer-te que de facto, no ano passado, nós tivemos variadíssimas pessoas de norte a sul do país, incluindo pessoas fora do país. Nós queremos continuar a tocar nessas pessoas que vêm de todo o país, mas queremos acelerar e colocar Vilares da Vilariça no mapa da Europa, no mapa do mundo. Esta é também uma das razões pelas quais nós fazemos este adiamento, porque entendemos que as comunidades, que os lugares, que as propostas de projeto, constroem-se com as pessoas de cá, mas também com as pessoas que vêm de fora.”
Este ano, o festival vai assentar em 8 áreas principais, sendo partindo da expressão transmontana que lhe dá nome, que são elas: Bô’ Circo (Performances, circo e teatro de rua), Bô’ Som (música, concertos), Bô’ Arte (cultura), Bô’ Comer(gastronomia), Bô Ser(bem-estar), Bô Kids (infantil), Bô’ Ritaul, Bô’ Pensar (reflexão).
Desta forma, a organização assegura que quem comprou já o bilhete vai continuar válido para a nova data, ou também existe a possibilidade de reembolso. Da programação, que para a semana será finalizada e comunicada, ainda vão figurar nomes como Afonso Rodrigues, META, Lavoisier, coletivo Carrinhos de Choque e Bárbara Eugénia.
O festival contempla concertos, oficinas, performances, experiências gastronómicas e atividades de bem-estar, caminhadas, e momentos de conexão com a aldeia e a paisagem. A organização envolve 160 pessoas, e está a cargo da Ilocal. Também são parceiros, o Município de Alfândega da Fé, Junta de Freguesia de Vilares da Vilariça, INAC, APORFEST, INATEl, AMBS – Lagos do Sabor, Agua Monchique, Symington, Mecenato e Prio, com a curadoria do Instituto Nacional de Artes do Circo.