Consumidos quase 17 mil hectares em incêndio no Douro Superior. Autarcas pedem apoio ao Governo

Foi no passado dia 15 de agosto que as chamas assolaram Freixo de Espada à Cinta e chegaram aos concelhos vizinhos como foi o caso de Torre de Moncorvo. O fogo consumiu uma vasta área e causou enormes prejuízos.

Na terça-feira, o presidente da Câmara de Freixo de Espada à Cinta, Nuno Ferreira, pediu ao Governo para de forma célere decretar a “Situação de Calamidade”, pedido ao qual a secretaria de estado da Proteção Civil acedeu e vai avaliar em conjunto com o Governo.

“Fiz um telefonema para o secretário de estado da Proteção Civil, Rui Rocha, para solicitar a situação de calamidade. Aquilo que nos respondeu é que iriam analisar e ver se iriam atribuí-la ou não. Isto porquê? Porque no concelho de Freixo de Espada à Cinta, o incêndio que deflagrou, infelizmente, a partir de sexta-feira, só nas primeiras seis horas foram mais de nove mil hectares da área ardida. Então, o incêndio foi mais de 11 mil hectares”, explica o presidente da Câmara de Freixo de Espada à Cinta, Nuno Ferreira.

A autarquia continua a realizar o levantamento dos prejuízos associados a este incêndio. Os lesados devem reportá-los ao Gabinete de Apoio ao Agricultor. Processo que decorre até às 12h30, desta sexta-feira, dia 22 de agosto.

“Estamos a falar de percas irreparáveis para as nossas populações, que trabalhou tanto uma vida e que agora vê que perdeu tudo aquilo que construiu ao longo da sua vida. E estamos a falar da situação da parte agrícola, a perca de amendoais, olivais, das vinhas, dos animais que infelizmente faleceram com este incêndio, que foi uma tragédia. Colocamos já o Gabinete de Apoio ao Agricultor a fazer essa recolha toda, dos afetados (…) e são já milhares e milhares de euros que estão já contabilizados”, sublinha.

A Câmara de Freixo de Espada à Cinta prestará ajudas ao nível do alimento para o efetivo pecuário registado dentro da área afetada pelo incêndio.

Enquanto o município aguarda pela decisão do Governo, se decreta a situação de calamidade, Nuno Ferreira faz um retrato do atual cenário do Douro Superior.

“Estamos agora à espera que possa ser decretada a situação de calamidade, não só para o concelho de Freixo de Espada à Cinta, mas para todo o Douro Superior, porque, de facto, é algo que é uma tragédia e foi algo que ficará para sempre na memória de todos. A floresta de Freixo nem daqui a 20 anos, voltará a ser a mesma. Uma vez que aquilo que nós hoje encontramos, um cenário que era verde, que era completamente paisagem únicas, agora é um cenário de montes negros completamente tudo escuro.”

O trágico incêndio alastrou-se também até às freguesias de Carviçais e Mós, no concelho de Torre de Moncorvo, onde foi evacuada também população. Neste município está a ser, igualmente, realizado um levantamento dos prejuízos.

“Foram evacuadas as populações de Martim Tirado, da Macieirinha, da Quinta da Estrada, que são anexas, à freguesia de Carviçais. E foi, de facto, algo inexplicável, porque o vento, as temperaturas elevadas… aquilo foi uma questão, realmente, de muito pouco tempo para podermos retirar a população das suas casas. Neste momento, temos avaliado já a área que ronda os 5.500 hectares, ou seja, são 50 quilómetros quadrados. O termo de Carviçais, para ter noção, ardeu quase 80% do termo da freguesia de Carviçais, que é preocupante”, revela, o presidente da Câmara de Torre de Moncorvo, José Meneses.

Para já, a Câmara de Torre de Moncorvo decidiu ajudar os produtores pecuários com a oferta de alimentação para os animais. Vão ser distribuídos 20.800 quilos de aveia e trigo.

“Vem já um camião com alimentação, com fardos de aveia e trigo, para serem alimentados porque não ficou nenhum pasto para estes animais comerem. Contamos que pela hora almoço já esteja disponível para os agricultores aqui destas duas freguesias, mais Carviçais, claro, do que Mós, porque teve uma parte afetada, mas Carviçais foi completamente [devastada pelo incêndio].”

À semelhança de Freixo de Espada à Cinta, também a autarquia de Torre de Moncorvo irá pedir apoio ao Governo e já agendou uma reunião com o ministro da Agricultura, para a próxima terça-feira.

Recorde as imagens do incêndio:

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