Reações ao possível corte na distribuição de jornais em oito distritos do Interior

A VASP, empresa responsável pela distribuição de jornais e revistas em Portugal, pretende rever as rotas de distribuição no interior do país. O distrito de Bragança está entre os oito que poderão ser afetados já no início do próximo ano.

A empresa justifica a intenção com a quebra de vendas e o aumento dos custos operacionais, fatores que, segundo nota enviada à comunicação social, colocam “sob forte pressão a sustentabilidade do serviço”.

Em Macedo de Cavaleiros, a proprietária do Quiosque Macedo Cavaleiros, Albertina Morais, afirma que, caso a medida avance, deixará de aceitar revistas:

Apesar desta decisão, a VASP reconhece, em comunicado, que o serviço de distribuição de imprensa é “fundamental para a coesão territorial, a igualdade de oportunidades e o exercício da cidadania”.

Em outubro de 2024, o Governo assinou um protocolo com a empresa para garantir a distribuição de publicações nas zonas do interior, mas aguarda agora uma resposta formal da VASP.

O Executivo já reagiu ao assunto. O ministro da Presidência, Leitão Amaro, que tutela a área da comunicação social, disse à Lusa que “qualquer solução pública que ajude a assegurar a distribuição de imprensa no território nacional implicará sempre mecanismos concorrenciais”, afastando a possibilidade de apoios diretos à empresa.

Também a nível local têm surgido críticas. O presidente da Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes, Pedro Lima, rejeita esta possibilidade, lembrando que as populações do interior mantêm fortes hábitos de leitura em papel:

O presidente da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros, Sérgio Borges, também se mostrou contra esta reconfiguração das rotas de distribuição:

A ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social já publicou uma nota informando que acompanha o processo, alertando que a medida “configura uma situação grave e suscetível de impacto negativo na garantia do acesso à informação e do pluralismo em alguns territórios do país”.

O Grupo Parlamentar do PCP pediu esclarecimentos ao Governo, afirmando que a intenção anunciada pela VASP “suscita sérias preocupações”, acrescentando que tal decisão criaria “uma intolerável situação de desigualdade entre territórios e populações no acesso a publicações periódicas”, aprofundando a perda de coesão territorial.

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