Já foram 150 mulheres atendidas pelo Gabinete da Mama da Farmácia Entre Vinhas, em Mirandela

Nos últimos cinco anos, o Gabinete da mama criado pela Farmácia “Entre Vinhas”, em Mirandela – com uma equipa de técnicos e profissionais de saúde voluntários que prestam aconselhamento e auxílio gratuito a pessoas diagnosticadas com o cancro da mama – já ajudou mais de 150 mulheres.

O Gabinete, a funcionar no interior da farmácia – com todas as condições de comodidade e privacidade – também disponibiliza produtos e dispositivos médicos relacionados com esta doença, em alguns casos de forma gratuita, ou na pior das hipóteses a preço de custo, conforme o fundo de maneio que o gabinete tenha disponível resultante de diversas atividades realizadas ao longo do ano.

A Terra Quente FM foi conhecer este projeto pioneiro que já foi distinguido, este ano, com uma menção honrosa no âmbito do prémio de responsabilidade social do projeto “Somos Heróis”.

Em pleno gabinete da mama, a diretora da Farmácia recebe Alice: “trouxe os papelinhos de qual é o seu soutien e qual é a sua prótese?” “Sim”, responde Alice. “Então, vamos verificar aqui se temos a sua prótese. Ora, será esta. Portanto, é uma prótese nova. A outra já está estragada, só deve ter duas próteses. Ao deitar, deve pôr sempre aqui a prótese”, refere Fátima Fernandes.

Alice foi diagnosticada, há 18 anos, com cancro da mama. Andou muitos anos em constantes viagens para Vila Real ou Porto para adquirir alguns produtos e dispositivos a preços muito elevados. Nos últimos cinco anos, tudo mudou, porque é ajudada pelo gabinete da mama da farmácia “Entre Vinhas”, na sua terra, em Mirandela.

Um projeto criado pela diretora técnica da Farmácia, como resultado de uma experiência pessoal. “Porque tive um cancro da mama, há 15 anos, e sei as dificuldades porque passei. E não quero, ou pelo menos quero minimizar, as dificuldades das outras pessoas que vão passar por isso. E se eu puder fazer isso, de certeza que o sofrimento das pessoas é menor”, conta.

O serviço do gabinete da mama é prestado por uma equipa multidisciplinar. “Tem um psicólogo, um farmacêutico, um nutricionista e tem tudo o que é dispositivos médicos, como sejam, próteses, soutiens, cabeleiras, fatos de banho, principalmente para as pessoas mastectomizadas, e tem toda a informação da parte da farmácia, a nível dos medicamentos, as contra indicações, até porque muitas das vezes, as pessoas saem um bocado desnorteadas das consultas, não sabem quando é que cai o cabelo, quando é que deve cortar, quando é que não deve cortar, tudo isso. O psicólogo é extremamente importante e não há psicólogos a tratar disso no Serviço Nacional de Saúde ou pelo menos os que precisávamos, há muito poucos, já o nutricionista também se põe a pergunta, o que é que vou comer, Posso comer tudo? Não posso comer? Estou a fazer tratamentos? Portanto, o nutricionista vai ajudar nesse sentido”, explica.

O gabinete também disponibiliza produtos e dispositivos médicos relacionados com esta doença, em alguns casos de forma gratuita, ou na pior das hipóteses a preço de custo, conforme o fundo de maneio que o gabinete tenha disponível resultante de diversas atividades realizadas ao longo do ano. No entanto, quem tem dificuldades económicas, é encaminhado pelo gabinete para a associação “Borboletas aos Montes”, de Vila Real, parceira do projeto.

Alice diz ser importante este apoio do gabinete da mama. “Já que dá esta oportunidade de ser gratuito, é muito bom. Porque às vezes, a gente também não tem aquelas posses que gostaria”, adianta.

Também Eduarda, igualmente diagnosticada com cancro numa mama, há 30 anos, e há dois anos, na outra, sublinha a importância do nascimento do gabinete da mama. “É muito importante porque de facto evita a ida obrigatória ao Porto. As próteses, passei a comprá-las aqui. E então, a hipótese de ser gratuito para quem de facto precisa e não tem hipótese de comprar de outra forma, é muito importante. É uma ajuda enorme, porque isto é material caro”, afirma.

Estas são duas das cerca de centena e meia de mulheres já apoiadas pelo gabinete da mama da Farmácia “Entre Vinhas” de Mirandela. Ambas admitem ter sofrido muito, mas o seu testemunho, na primeira pessoa, é ao mesmo tempo uma mensagem de muita esperança e o conselho fulcral para nunca desistirmos da vida. “Não é fácil, não foi fácil, mas estou aqui, graças a Deus e digo a todas as mulheres que vão em frente e que não se deixem abater porque isto não é o fim do mundo”, diz Alice.

“O abalo é grande, numa fase inicial, mas tudo se consegue ultrapassar, quer da nossa parte, quer da família, que é muito importante, e nada é eterno, nada é impossível, o que não podemos ultrapassar é a morte, mas enquanto cá estamos, temos que fazer o melhor possível, estar o melhor possível, em termos anímicos. Eu estou cá há 30 anos, há dois anos surgiu-me na outra mama, tive que tirar a outra também. Mas estamos cá, graças a Deus. É um dia de cada vez. Se não for assim, também não conseguimos ultrapassar as dificuldades”, afirma Eduarda.

Segundo a Liga Portuguesa contra o Cancro, em Portugal, anualmente, são detetados cerca de 9.000 novos casos de cancro da mama, e mais de 2000 mulheres morrem com esta doença.

Há cada vez mais cancros em mulheres jovens abaixo dos 40 anos, sendo que uma em cada oito mulheres poderá vir a ter cancro da mama no nosso país.

INFOMAÇÃO CIR (Escrito por Rádio Terra Quente)