“Ficou muito aquém das expectativas.”
Esta parece ser a opinião unânime dos cerca de 250 expositores que estiveram na 29ª edição da Feira de S. Pedro, em Macedo de Cavaleiros.
Menos visitantes e clara falta de poder de compra parece ser a causa do descontentamento dos expositores.
“Ficou longe de atingir as expectativas. A opinião é geral. Houve muita falta de pessoas. Os visitantes eram praticamente sempre os mesmos. São pessoas de Macedo. Da organização, acho que estiveram bem, embora o cartaz não tenha sido muito bom, muitos artistas que vieram cá não eram aliciantes para chamarem mais pessoas. A conjuntura atual do país também não ajuda. De resto, estamos com saúde, é a única coisa que temos a dizer de positivo. Nestes últimos quatro anos têm baixado bastante a afluência de público ao recinto e este é o pior de todos. Tenho ouvido várias opiniões de pessoas que passam por aqui, amigos meus, gente da terra, têm todos a mesma opinião”, sublinha Paulo Patrocínio.
“Muito mais fraco. Mesmo a opinião geral das pessoas que já têm feito mais anos, é a de que foi a pior edição de sempre”, diz Margarida Santos.
“Baixou 75%. Não há tanta gente a ver a feira. Menos público, menos dinheiro, menos tudo. Esta feira se tem 29 anos, já a fazemos há 27. Foi das piores feiras de sempre”, conta Virgílio Pires.
Francisco Cangueiro é expositor neste certame há 26 anos e destaca o declínio acentuado da adesão que se vem verificando ao longo dos últimos quatro anos.
E realça que é preciso repensar a escolha do cartaz musical tendo em vista o tipo de público-alvo.
“Há 26 anos que faço a Feira de S. Pedro. Fiz quase todas. São ideias pessoais, não me enquadro com o cartaz. Por exemplo, eu estou em crer que para um certame destes, DJ’s não funcionam. Ter um dia de Dj’s ou um dia de brincadeira para a rapaziada tudo bem, agora quando se faz um certame com este tipo de expositores há que ter o cuidado de trazer um tipo de cliente que compre, porque se nós estamos a pagar a feira, é obvio que temos que ser recompensados com clientes que comprem”, frisa o expositor.
Para os expositores urge repensar o modelo da Feira de S. Pedro.
Como solução para manter a força e a qualidade do evento, os expositores sugerem a concentração do certame em menos dias.
“Reduzir o número de dias eram bom, depois dar oportunidade aos artesãos e a outras pessoas a possibilidade de expor sem ser a um preço tão elevado, isso incentivava, as pessoas vinham, mesmo que não vendessem não perderiam muito. Ao mesmo tempo haveria mais expositores, haveria mais interesse que as pessoas viessem visitar, porque assim reduziram muito o número de expositores. As pessoas numa tarde vêem tudo e não voltam”, explica Paulo Patrocínio.
“Não há necessidade de tantos dias, para nós que temos que andar todos os dias de um lado para o outro acaba por ser penoso. Todos os dias estamos com gastos, que se formos a ver não se justificam”, revela António Faria.
“Aumentar a qualidade de espetáculos em menos dias, ou seja, vai se gastar o mesmo em menos dias. Vai se tentar dar essa lufada de ar fresco, talvez resultasse”, diz Francisco Cangueiro.
“Para dar-lhe força precisamos de menos dias de feira, por exemplo, fazer a feira de quinta a domingo. É preciso que o povo aqui de Macedo se lembre que há aqui uma feira porque metade da população não vem ver a feira”, destaca o expositor Virgílio Pires.
O público que passou pela 29ª edição da Feira de S. Pedro sublinha que é notável o decréscimo da qualidade do certame.
E dizem que o preço das entradas é elevado.
“Eu gosto, mas só vim hoje. Parti um pé, não posso estar muito tempo de pé. Nos outros anos costumava vir mais vezes”, diz Sofia Martins. “Este ano está isto muito vazio, também é a crise e depois ouço muito na rua a criticarem a entrada a pagar na feira. Mas, até estou muito contente, hoje até às sete não se paga e para nós já dá muito bem, agora as pessoas que vêm para o baile não estão nada contentes de ter de pagar os dois euros. Por exemplo, se fosse um euro, já era diferente. Para mim, o problema é do dinheiro, há pouco dinheiro e as pessoas chegam-se atrás”, frisa João Martins.
“Este ano está mais fraca, em tudo. Uma pessoa quer comer qualquer coisa e não há. Antes havia mais exposição, havia tratores. Se calhar é da crise”, realça Manuel António.
Muita música e animação estiveram presentes na 29ª edição da Feira de S. Pedro que terminou este sábado, em Macedo de Cavaleiros.
Contudo parece que a crise foi o facto mais presente nos oito dias do certame.
A Onda Livre tentou ouvir o presidente da Associação Comercial Industrial de Macedo de Cavaleiros, no entanto, ainda não conseguimos chegar à fala com António Cunha.
Escrito por Onda Livre (CIR)
250 expositores, não briquem. Eu contei e eram 108 (e desses mais de 10 eram pavilhões só com o nome e outros conviadados e que não pagaram).