Divisão das comunidades intermunicipais condiciona o desenvolvimento de Trás-os-Montes

 

A nova proposta de divisão das comunidades intermunicipais é contraproducente e vai condicionar o desenvolvimento da região de Trás-os-Montes fragilizando a sua capacidade de influência.

O autarca de Macedo de Cavaleiros que também é presidente da CIM Alto Trás-os-Montes é contra o aumento de duas para três sub-regiões.

Beraldino Pinto mostra-se preocupado com a divisão da comunidade intermunicipal que representa, que atualmente congrega 15 municípios terá apenas 9, frisando que esta medida vai empobrecer a região.

 


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“O que me preocupa na nossa comunidade intermunicipal é que ficando maior fica muito mais pobre em população, em capacidade de influência e ainda que tudo faremos para que haja cooperação entre as diversas CIM’s é diferente de estar numa CIM única”, realça o autarca.

“Tivemos um período de trabalho conjunto, penso que foi muito proveitoso, fez-se um caminho de aproximação, de cooperação extraordinário. Concretizaram-se muitos projetos, há muitos projetos comuns em curso e agora vamos para a separação. Vamos ser menos, e se nós já estamos numa zona com grandes dificuldades de congregar esforços, todos somos poucos, ficando divididos ficamos ainda mais fracos”, explica.

 

Beraldino Pinto afirma que a melhor solução para o novo mapa das sub-regiões seria a existência de uma única CIM, ou seja, a junção das duas já existentes.

 


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“Aquando da criação das atuais CIM Douro e CIM Trás-os-Montes, esteve em cima da mesa e houve muitas reuniões de trabalho no sentido que as duas fossem uma só CIM. Houve um trabalho preparatório muito grande nesse sentido e havia duas posições, e a posição que vingou (estamos a falar da posição dos municípios, eram os municípios que decidiam a qual das CIM’s queriam pertencer) vingou a situação que veio a concretizar-se das duas, a do Douro e do Alto de Trás-os-Montes. Essa era a solução defendida e há um ano e meio numa das reuniões, que aconteceu em Vimioso, discutimos este cenário, retomar os trabalhos com o Douro no sentido de progressivamente se caminhar para essa escala. Tudo mudou e atualmente em cima da mesa é o cenário absolutamente inverso que é ainda dividir mais”,  enfatiza o responsável.

 

Esta proposta governamental não mereceu a consulta dos municípios e diz que resta apenas a resignação.

 


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“Esta proposta vem em contra-ciclo e contra o que eu entendo que deveria ser. Uma região com mais escala, com mais capacidade de intervenção no território. A proposta abre este caminho e é a vontade dos colegas dos municípios do Tâmega de criarem uma CIM e consequentemente a nós da de Trás-os-Montes que não estamos no Tâmega não podemos fazer mais do que manifestar a nossa posição, mas formalmente não resta nada a não ser aceitar porque essa decisão não passa pela consulta sequer, muito menos pela decisão dos municípios da CIM, se concordam ou não, o que é que preferiam”, expressa, Beraldino Pinto.

 

Quanto à mudança da nomenclatura para a nova comunidade intermunicipal que integra nove municípios do distrito de Bragança passar para Terras de Trás-os-Montes, Beraldino Pinto diz que é uma designação infeliz.

 


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“Não me parece particularmente feliz. Quem não quer estar em Trás-os-Montes deixa ficar para os outros. A introdução do terras, eu gosto muito, o terras, aqui em Macedo temos no Geoparque o Terras de Cavaleiros mas é uma perspetiva diferente, é uma estratégia de marketing”, sublinha.

“Proporem Terras de Trás-os-Montes é o assumir que Trás-os-Montes foi partido, que ficou tolhido de parte. Uma parte foi para o Douro e a outra para o Tâmega. Nós como transmontanos continuamos orgulhosos do Trás-os-Montes, nas terras transmontanas também mas entendemos que Trás-os-Montes é o que fica e quem sai, sai”, conclui.

 

A ser aprovada, a nova CIM Terras de Trás-os-Montes vai congregar os concelhos de Alfândega da Fé, Bragança, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Vila Flor, Vimioso e Vinhais.

 

Escrito por Onda Livre