O Núcleo de Atendimento à Vítima de Violência Doméstica do distrito de Bragança está a acompanhar perto de três centenas de vítimas.
O ciúme patológico é uma das principais causas deste flagelo social, que é, muitas vezes, motivado pela obsessão na relação, o que leva a casos extremos de agressão física.
A revelação chega da responsável pelo Núcleo, que acompanha, 276 vítimas, sendo que, só em 2012 surgiram 198 novos casos.
Segundo a psicóloga, Teresa Fernandes, o agressor cria expetativas erradas e culpabiliza a vítima pelo falhanço da relação.
Um facto que conduz a casos extremos de violência doméstica, que podem resultar em homicídios.
“O eixo que vai da normalidade à anormalidade, do que é saudável para o que é patológico. O amor romântico, a paixão, fazem parte de todas as relações até à dependência amorosa, ao amor obsessivo que muitas vezes fazem parte dos casos de violência domestica em que nós intervimos. É esta questão que nós temos que explicar às nossas vítimas, até onde é normal, até que momento passa a ser patológico e que pode promover muitas vezes situações de agressão e homicídios. A questão do ciúme patológico que muitas vezes é dado como razão para se controlar, vigiar, perseguir. Muitas vezes os agressores criam expetativas e projetam nas vítimas situações que não são reais mas que no imaginário deles são muito reais, o que os leva a ter comportamentos de perseguição e depois de agressão como se fosse uma manifestação de culpa da vítima por desenvolver esses quadros patológicos no agressor.”
O aumento exponencial das denúncias que se registou no ano passado, prende-se sobretudo, com uma maior abertura de mentalidades que tem vindo a instalar-se gradualmente na sociedade.
“A violência domestica é hoje o que era há 20 ou 30 anos atrás (e há 50) onde já existia mas era na esfera privada, era camuflada pela família porque a cruz do casamento tem que se levar independentemente de tudo, tens que aguentar, tens que sofrer, faz parte, é um sacrifício que tens que fazer. Esta questão está muito associada aos papéis sociais, o que é ser mulher, o que ser esposa, o que é ser marido. A violência que é socialmente aceite por parte do marido como forma de educação, de punição, de controlo. As denúncias têm aumentado, as pessoas estão conscientes, estão informadas, mas nunca é demais até porque os estudos dizem-nos que só um em cada 10 casos, a ponta do iceberg, é que chegam às estatísticas oficiais. No ano passado acompanhamos 276 vítimas das quais 198 eram casos novos que aconteceram em 2012, os outros são casos de acompanhamento com algum tempo. 276 Vítimas no distrito de Bragança.”
Só no ano de 2012, 198 novos casos de denúncias bateram à porta do Núcleo de Atendimento à Vítima de Violência Doméstica do distrito de Bragança.
Escrito por Onda Livre