“Estamos perante um retrocesso educativo e social”

 

Estamos perante um retrocesso educativo e social.

A convicção é do diretor do Agrupamento Vertical de Escolas de Macedo de Cavaleiros.

Paulo dias está há 12 anos na chefia das escolas públicas do concelho e lamenta algumas das medidas que tem sido implementadas pelo Ministério da Educação e Ciência.

O que tem vindo a suceder no país, o diretor denomina como “o fim do Estado de bem-estar”.

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“O que está a acontecer em Portugal é o fim do estado de bem-estar. O estado de bem-estar foi um conceito pós II Guerra Mundial e que chegou a Portugal por volta do 25 de Abril, ou pelo menos aprofundou-se. Neste momento o que o Governo está a fazer, provavelmente por ser forçado pela Troika e pela Europa, é acabar com esse estado de bem-estar, com esse estado social, com esse assumir da responsabilidade que o Estado tem na formação, na educação das pessoas, na segurança, na saúde. Cada vez mais vamos ter uma geração em que quem nasce pobre morre pobre e quem nasce rico vai morrer rico. A desigualdade social vai-se acentuar aqui com efeitos limitadíssimos ao nível da possibilidade da progressão social.”

Paulo Dias dá o exemplo da tensão vivida pelos alunos aquando da realização dos exames nacionais.

E enfatiza que com tanta agitação no sistema educativo, é a sociedade global que sai perdedora.

microfone

“Quem sai prejudicado é o País. Os alunos vieram fazer o exame numa situação de grande tensão, os resultados não foram (nem de longe nem de perto) os esperados. Os professores vivem com ansiedade, não só esses momentos dos exames, porque os professores trabalham anos a fio a preparar os alunos para esses exames, não é só um ano. Temos muitas situações de professores que acompanharam estes alunos do 12º ano, por exemplo, nos últimos seis anos. Nestes últimos seis anos os professores trabalharam para levar estes alunos a estes exames para eles poderem ir para o curso e universidade que queriam. Perante esta tensão houve prejuízo para os alunos, para os professores, para a direção, para o concelho e portanto é só prejuízo. Nesta tensão social que se gera não há negociação, não se vê abertura para negociação e saímos todos a perder.”

Quanto à redução do número de turmas, Paulo Dias tece ainda algumas considerações.

O líder da educação pública no concelho macedense afirma que será inevitável o aumento do número de professores em situação de desemprego.

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“Eu penso que o tempo dos professores contratados acabou definitivamente. Em Macedo estamos a fazer a distribuição de serviço, temos vindo a controlar um pouco esse problema porque há uns anos que vemos cada vez menos vagas a abrir. Iremos ter três/quatro/cinco horários zero, no máximo, mas isso corresponde em algumas escolas ao total de horários zero de um grupo de recrutamento, o que significa que iremos seguramente ter escolas com 20/30 horários zero (ou mais) isso é desemprego. Isto tem um impacto na economia local e nacional porque, quem é que consumia? Era a classe média que tinha um vencimento que permitia ter algum conforto e consumir. Depois de tudo isto, a crise generaliza-se.”

Considerações do diretor do Agrupamento Vertical de Escolas de Macedo de Cavaleiros acerca do panorama vivido no atual sistema educativo do país.

 

Escrito por Onda Livre